Capítulo 24: Áspero como uma casca de laranja.
A vida quase não é uma festa em nenhum sentido. Se fosse, o começo seria mais como um grande problema de organização que se estendeu para um evento que possivelmente deu certo, com todos os seus erros encobertos pelas cortinas e panos de fundo, os balões e uma decoração mais precipitada. Havia a hora de cortar o bolo, a hora para encher a cara e a hora para parar tudo e ir dormir. A bagunça da festa iria restar para o outro dia, e logo outras festas seriam montadas. San considerava estar na parte de cortar um bolo e não saber muito bem em que hora anunciar o momento ou escolher uma boa espátula. Poderia cortar de baixo para cima e fazer um desejo; não saberia escolher um bom desejo, temia errar três vezes.
Ele despertou bem grogue e encarou os arredores esperando encontrar Jung Wooyoung ocupando o seu banheiro ao invés de escolher o do corredor. Achou que fosse sentir o perfume Euphoria Men e gritar porque chuteiras sujas estariam no centro de seu quarto, ou penduradas na janela para "tomar um ar". Chuteiras não precisam respirar como seres humanos, mas Wooyoung achava que sim e tratava seus itens de futebol muito melhor do que trataria um cachorro, por exemplo. No entanto, contrariando todas as suas expectativas geradas pelo costume, não encontrou nada além de um quarto vazio e silencioso.
Existia a fita divisória no meio do cômodo e do outro lado se encontrava o "mundinho de Jung Wooyoung" com seus muitos itens críticos berrando testosterona. Olhar para os jogadores dos Raiders nas paredes confortou um pouco o coração atribulado de San após checar a outra cama vazia e arrumada. Demorou bastante para se dar conta de que aquele quarto finalmente tornou-se somente seu novamente, como nos velhos tempos. Ele se sentiu estranho por não estar feliz com isso.
Passou um tempo no banheiro. Checou sua aparência no espelho e não gostou do que viu, era quase como um estado semi-apocalíptico de quase luto. Se viu como uma múmia saindo de sua tumba após dois mil anos dormindo com ratos e tesouros. Tomou um banho e trocou de roupa, penteou os cabelos totalmente para trás e procurou seu reflexo de novo, ainda não gostando do que encontrou. Suspirou audivelmente, segurou a maçaneta da porta do banheiro e fechou os olhos, preparando-se psicologicamente para sair e encontrar o seu santuário — com o toque de Wooyoung agora — e se deparar com um vazio insuportável, melancólico.
Fez isso sem maiores cerimônias, seu rosto se distorceu e ele jurou que iria choramingar e correr para abraçar Shiber se Yeosang não houvesse entrado pela porta de seu quarto com uma bandeja de café da manhã para ele.
— Não precisa chorar, eu estou aqui — ele disse em tom de deboche, enxergando no semblante do mais baixo o mais completo desnorteio. — Olha, você tomou banho... Achei que fosse ficar dormindo por mais tempo, quem sabe até amanhã.
— Como assim até amanhã?
— Você não queria acordar depois que Wooyoung e Seonghwa partiram para a viagem. Achei que não conseguisse ser mais dramático que o Jung, mas você me provou o contrário. Estou desapontado — procurou um espaço na cama bagunçada de seu amigo e sentou-se sobre ela, sendo acompanhado por um sujeito de ombros caídos. — Sua mãe e a senhora Jung querem sair com você hoje. Parece que vocês vão a uma exposição de artes e depois, a um cinema, para manter o equilíbrio.
San ponderou por um instante. Certamente fazia já alguns meses que não saia com Yuna, não mantinham um programa de mãe e filho adequado e agora, se fosse imaginar como seria sair com ela, haveria duas pessoas a mais. No início, mostraria grande relutância para aquele tipo de mudança muito brusca, porém, atualmente, gostaria de desfrutar de um passeio com Wooyoung e sua mãe, a senhora Jung — quase que em família, seria muito agradável. Se entristeceu ainda mais por saber que isso não aconteceria tão logo, talvez nunca acontecesse e essa mera possibilidade o deixou extremamente amargurado.
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CAMISA 18 | WOOSAN
FanfictionSan se vê obrigado a conviver com Wooyoung, o filho da namorada de sua mãe e jogador de futebol americano, que carrega o número 18 nas costas com um orgulho exagerado. Inicialmente, San o considera um estereótipo de jogador sem cérebro. No entanto...