Algo está mudando

965 98 38
                                    

Capítulo 48 – Algo está mudando

Snape preferiu não falar diretamente com Harry, claro que encontrou o livro idiotamente guardado embaixo da cama do menino. Algumas páginas haviam sido folheadas, até mesmo marcadas em feitiços que Harry jamais conseguiria fazer, mas o devolveu ao lugar sem se importar se estava igual como encontrou, Harry não perceberia, pensou Snape saindo do quarto do menino. Porém, invalidando seu julgamento, Harry percebera. Estava em pé ao lado da cama, o colchão levantado, olhava para o livro com os dentes cerrados, fora descoberto. Mas então porque Severus não fora falar consigo? Deveria levar um sermão maior que o mundo, ser castigado, sentir-se mal, no entanto estava sozinho em seu quarto, Severus estava na sala conversando com membros da Ordem da Fênix que lhe traziam notícias sobre o Ministério, e o livro estava no mesmo lugar.

- Você quer jogar, Severus? Então vamos jogar.

Colocando o colchão no lugar Harry arrumou sua cama e se aproximou da janela vendo o rio imundo passando ao lado. Aquela paisagem era grotesca, assim como praticamente tudo naquele bairro, Severus dissera que quando a guerra acabasse mudariam para uma casa melhor localizada. Por Harry tudo bem, ele não estaria lá para ver a nova casa, seus planos não iam tão longe, sabia disso, contava com isso. Ao iniciar a jornada pela magia negra sabia que não haveria volta, iria até o fim para derrotar Voldemort, livrar Riley de um destino pior que a morte e então iria embora, sua alma corrompida não poderia se juntar a Severus e sua família, ainda mais com o filho dele com Vany sendo um inocente.

Faltavam poucos dias para atingir a maioridade bruxa e assim que acontecesse iniciaria a parte pratica da magia negra.

Sem poder descer devido a reunião da Ordem, Harry se jogou na cama e olhou para o teto, sentia-se estranho desde que começara a ler aquele livro. No começo teve receio, mas com o tempo ficara apenas com um frio na barriga e um vazio no peito, mas com o tempo passou e percebeu que conseguia se concentrar melhor nos feitiços, aprender a essência usada na magia. E mesmo que tentasse negar para si mesmo, usara a magia negra para tapar a dor da falta de Draco, cada vez que sentia falta do loiro e de seus leves beijos começava a ler, então a dor passava, porém vinha o vazio, o enorme buraco cada vez maior em sua alma. Muitas vezes pensou se Draco se sentia assim quando começou a ser comensal da morte e então esse pensamento voava entre o infinito e perdia-se em dúvidas de como estava o loiro, se estava bem, se ainda estava vivo e ao lado do Lord. Deveria estar, se Draco tivesse morrido sairia nos jornais, os Malfoy ainda eram uma família de prestígio, mas será que Draco ainda sentia o mesmo que ele? Ainda o amava, o queria? Será que pensava nele?

A dor chegou como um tiro, rápido e sem aviso. Postou a mão em seu peito e tentou respirar, sentia que desmaiaria a qualquer momento. Com dificuldade saiu da cama e puxou o livro de baixo do colchão, abriu em uma página qualquer com escritas velhas e inclinada exigindo-lhe concentração. Era sobre um ritual que se feito conforme descrito arrancaria a alma do inimigo. Em outro momento Harry fecharia o livro na hora, pois o pensamento de destruir uma pessoa desse jeito o deixaria com náuseas, mas na fome de afastar a dor e na loucura de conseguir qualquer coisa para acabar com Voldemort ele devorou aquelas páginas. Quando devolveu o livro para seu esconderijo e deitou-se novamente na cama não havia mais Draco em seus pensamentos, só havia a imagem de um vulto se quebrando em pedaços como uma alma que se despedaçava. Com essa imagem Harry dormiu e um sorriso estranho nasceu em seu rosto.

E assim seguiu-se os dias até uma semana antes do aniversário de Harry. O menino se comportou adequadamente perto de Snape que tentava a todo custo ver qualquer coisa diferente no modo como o ele agia, chegou até mesmo tentar ler sua mente, mas Harry se esforçara muito em oclumência chegando a treinar com Hermione nos poucos dias em que a menina fora lhe visitar. Claro que ainda era pouca coisa, se Snape fizesse um pouco mais de força conseguiria penetrar facilmente, mas ele não faria isso, seria como se quisesse gritar que sabia de alguma coisa.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora