Remorso

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Capítulo 24 – Remorso

Dumbledore olhou para Harry e permaneceu em silêncio por um tempo até que Madame Pomfrey se aproximou dos dois devagar.

- Diretor. – Chamou a mulher. – Sei que quer falar com Potter, mas preciso examiná-lo primeiro.

- Claro, Papoula, desculpe-me por isso. Acho que todos ficamos um pouco nervosos. – Disse Dumbledore dando-lhe um sorriso. – Vou esperar aqui fora.

Madame Pomfrey fechou o cortinado e deixou Harry seminu para examiná-lo. A enfermeira era uma das poucas com quem Harry tinha a liberdade de se trocar sem sentir vergonha. Ela já o vira seminu tantas vezes que seria esquisito se envergonhar por timidez, por sorte o olhar que lançava a si era somente de satisfação médica para com sua saúde. Harry vestiu a roupa antes que ela afastasse a cortina e revelasse um Dumbledore parado no mesmo lugar de antes com os braços cruzados.

- Não sei o que houve, diretor, mas o menino está bem. Há uma leve fraqueza pelo tempo em que ficou dormindo. Acredito que mais dois dias tomando as poções fortalecedoras e ele já poderá ir.

- Ótimo. Vou pedir que vá avisar Severus, ele deve estar preocupado e sabemos que Severus e preocupação não combinam.

- Claro, diretor, com licença.

Harry permaneceu calado enquanto via a enfermeira sair trancando a porta ao passar. Queria continuar olhando para a porta até que ela voltasse, mas sabia que não podia e finalmente voltou seu olhar para o velho homem parado no pé de sua cama. Era o mesmo Dumbledore de sempre. O mesmo rosto velho, a barba branca chegando até o cinto e os cabelos caindo longamente por suas costas. Suas vestes eram azuis e o chapéu tinha estrelas douradas. Era o Dumbledore de sempre exceto pelos olhos. O que antes era azul como o céu no verão sem nuvens agora era escuro como as profundezes do oceano. Não havia nenhum resquício do carinho que sempre o preenchia, não havia nada mais do que decepção e tristeza. Não aguentando olhá-lo, Harry baixou os olhos para as mãos e ficou mexendo os dedos enquanto Dumbledore se aproximava e sentava-se na cadeira onde antes estivera Snape.

- Fico feliz que esteja melhor Harry. – Disse Dumbledore com um suspiro. – Deu um grande susto em todo mundo.

- Desculpe.

- Não precisa se desculpar por isso, não foi culpa sua o que aconteceu, não deveria haver comensais lá, muito menos dementadores. Foi muita sorte que o professor Snape estivesse lá e motivado o suficiente para executar um patrono tão poderoso que afugentou centenas de dementadores.

Dumbledore falava exalando orgulho em suas palavras. Harry se lembrou do dia fatídico e da sensação horrível de frio que antecedeu a lenta morte a qual estava destinado e então veio a luz e o calor que o envolveram por um tempo e abandonando-o apenas por alguns segundos permitindo que mãos trêmulas o pegassem no colo. Agora sabia que era Severus.

- Então foi ele? – Perguntou o menino com a cabeça baixa.

- Sim, foi ele, Severus executou um patrono no meio da vila de Hogsmead e se pôs em grande perigo por isso.

- O que? - Dessa vez Harry ergueu a cabeça olhando confuso para o diretor. – Se ele fez um patrono então não estava em perigo.

- Não é de dementadores que estamos falando. – Dumbledore se ergueu da cadeira e se sentou na cama próximo a Harry evitando que o olhar do menino fugisse do seu. – Severus irá me odiar por te falar algumas coisas, mas está mais do que na hora de você entender o quadro inteiro e não olhar somente para o ponto que você quer. – A voz de Dumbledore era calma, mas tinha um tom autoritário que fez Harry tremer. – Eu sei que você viu as lembranças dele na penseira e que sabe de muita coisa que aconteceu, mas você não consegue ver além do que quer ver. Não consegue ver a verdade dele.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora