Capítulo 49 – O nascimento de um novo Harry
Ao abrir os olhos, mergulhou diretamente no prazer doentio do homem, na excitação conturbada causada pela dominação do seu ser. Sentiu-se preso em seu medo, não mais se debatia, apenas aceitava. As mãos ainda apertavam seu pescoço, o ar lhe faltava, podia desmaiar a qualquer momento, talvez devesse se debater mais para que ele simplesmente quebrasse seu pescoço privando-o da vida. Porém, ao abrir os olhos, ficara a mercê dele e de sua ira. Suas mãos soltaram-se daqueles pulsos grossos e caíram molemente ao lado.
- Isso mesmo, moleque, você sabe que é melhor não resistir. Eu vou acabar com você pelo que fez.
O corpo jovem caiu no chão com um baque seco, a tosse rasgou sua garganta, seu peito queimou com o esforço de bombear o ar que entrara de uma vez. Devagar esforçou-se para ficar em pé, o mais velho não o ajudou, talvez até o chutaria se demorasse demais. Finalmente em pé o assistiu abrir o cinto e o ajeitar nas mãos. Por mais inútil que fosse, tentou um último pedido.
- Por favor, Tio Valter, eu não falei com eles, não tive culpa com o incidente com o Duda, não sei como criaturas do meu mundo vieram parar aqui.
- Não me interessa, eles são sua culpa! Duda está babando em um hospital por sua causa e desse mundo retardado de onde você veio. Eu lhe disse, moleque, que mais alguma coisa e seria a gota d'água. Tire a camisa e se ajoelhe.
- Tio...
- Cale-se, você vai me obedecer e nem pense em tentar entrar em contato com alguém de lá ou eu juro que mato você.
O menino se virou e tirou a camiseta, seu peito nu trazia algumas marcas de cicatrizes antigas, a maioria já curada, mas algumas ainda se recuperando. Deixando as lágrimas caírem ajoelhou-se devagar e aguardou, aguardou e aguardou, temendo o momento que acontecesse e então aconteceu. O som do estralo do cinto em sua carne não fez jus a dor, parecia que seu tio estava cortando suas costas, tirando pedaço por pedaço.
Um
Dois
Três
...
Quinze.
- Uma cintada por ano de vida para pagar a desgraça que é, a aberração que seus pais deixaram para nós cuidarmos e mais uma. – O sangue escorreu pelo ombro. – Pelo que fez com o Duda.
O menino caiu no chão, suas costas nem doíam mais, já estavam dormentes de tantos machucados, o sangue escorria pela pele e sujava o chão, teria que esfregar depois. O homem passou por cima de si esmagando seus dedos ao pisar em sua mão, não havia mais forças para gritar.
- Levante-se logo e vá para seu quarto, não queremos ver a sua carcaça imunda no nosso chão.
Sofrendo pela fraqueza e cansaço o jovem se ergueu aos poucos, as pernas tremiam tanto que desabou no chão duas vezes antes de conseguir se arrastar para debaixo da escada, a dor voltava aos poucos enquanto se encolhia no cubículo deixando o corpo torto para que suas costas ficassem virada para a portinha. Com a respiração funda e pesada esperou, os olhos não queriam mais fechar, já não sentia mais nada além do desapego a sua própria vida. Apenas aguardou o torpor chegar, mas a única coisa que veio foi o ardor do pano gelado tacado sem dó sobre seus ferimentos. Mãos nada delicadas limpavam os cortes e aplicavam um remédio que o fazia cerrar os dentes para não gritar.
- Isso mesmo moleque, demorou, mas aprendeu a não gritar, assim os vizinhos não ficam bisbilhotando por aqui. Aquela senhora Figs é muito enxerida, ela é do seu mundo? – Um leve movimento de cabeça deu-lhe a resposta negativa. – Que bom. Pois saiba que não vai conseguir fugir de nós, e se tentar vai se juntar a seus pais. – A mão ossuda terminou o serviço grotescamente para que os ferimentos fechassem rápido e as cicatrizes fossem mínimas. Ao terminar segurou o rosto dele com força o fazendo encarar sua cara de cavalo com olhos azuis brilhantes de loucura. – Espero que tenha entendido bem, Harry Potter. Não adianta fugir, correr e se esconder, seja lá onde for, eu vou encontrá-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)
RomanceFIC SEVERITUS - NÃO SNARRY! Após tantos anos vendo Harry Potter sofrer nas mãos de seus tios, Dumbledore finalmente consegue uma forma de passar o laço de sangue de Lillian para outra pessoa. A partir desse momento Snape se vê obrigado a aturar o me...