Um piquenique em família

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Capítulo 39 – Um piquenique em família

Snape só poderia estar louco por aceitar aquilo, mas Riley lhe pediu com tanto dengo que não conseguiu dizer não para ela. Sentia que estava amolecendo demais e que a culpa era toda daquela menina sapeca que o cativava a cada dia com gestos mínimos como um desenho onde segurava sua mão ou um abraço sem motivo. Por causa disso via-se agora caminhando em direção a um local isolado no território da escola, um cantinho perto do lago que os alunos não tinham conhecimento de sua existência, o que era ótimo para a privacidade que desejava obter naquele momento. Seus passos eram calmos e firmes, ele sabia onde deveria ir e queria ir, mesmo que por dentro houvesse uma ansiedade tremenda por aquilo. Quantas primeiras vezes ele ainda poderia ter nessa vida? Quantas surpresas receberiam das mãos de Riley e Harry que se juntaram de uma forma tão grudenta que não havia ser na Terra que conseguiria separá-los. Mesmo tendo seus amigos, Granger e Weasley, Harry passava muito tempo brincando com Riley e ensinando a ela tudo o que julgava ser certo. Era bom, mas causava muitas surpresas para Snape e até mesmo aborrecimento.

Lembrando-se das diversas broncas e sermões que dera nos dois devido alguma coisa idiota que conseguiram fazer, Snape finalmente chegou a clareira que era aberta entre algumas poucas árvores no lado oposto do lago. Dali era possível ver o castelo a frente banhado por uma bonita luz solar. Quem estivesse na outra margem não conseguiria vê-los e tampouco distinguir quem eram, por isso e somente por isso Snape não estava tão preocupado com o fato de Riley desejar tanto aquele lanche ao ar livre, ou como os trouxas diziam, piquinique. A menina entrou no seu campo de visão e logo em seguida Harry também. Ambos estavam ajoelhados na grama em cima de uma toalha quadriculada. A toalha era grande o suficiente para que todos pudessem se sentar confortavelmente mesmo entre diversas cestas com comida.

- Almofadinhas não, larga esse pão. – Gritou Riley que saiu correndo atrás do cachorro de pelos negros que parecia se divertir muito com a perseguição da menina. – Volta aqui, Almofadinhas.

Harry ria enquanto olhava seu cachorro correr atrás de sua irmã. Almofadinhas agora parecia muito mais com Sirius, estava grande e os pelos negros eram grandes o suficiente para ficarem desarrumados apontando para todos os lados. O cachorro era sapeca e o adorava, dormia em seu quarto e após muitas confusões e ameaças aprendera a lidar com Snape que por vezes já fora flagrado fazendo carinho na cabeça dele. No fundo ambos se gostavam e Harry gostava de saber que seu pai estava se dando tão bem com essa nova família. Ele mesmo estava muito feliz e quando olhou para Snape vindo em sua direção a única coisa que poderia pensar era que os dias de torturas na casa de seus tios parecia ter acontecido em outra vida. Agora ele estava bem e tinha até mesmo uma família. Um bando de quebrados que se juntaram apoiando-se um ao outro para continuarem firmes.

- Onde está Vany? – Perguntou Snape se aproximando de Harry.

- Disse que o diretor a chamou no escritório. Deve voltar logo.

- Certo. – Sussurrou Snape olhando para a paisagem ao fundo, o castelo parecia imponente e poderoso, uma imagem um tanto quanto intensa visto que os acontecimentos futuros poderiam desestabilizar essa imagem tão forte de Hogwarts. Uma semana, Draco dissera que o Lord já estipulara a data certa para o cumprimento de sua missão. Faltava muito pouco, porque será então que Dumbledore chamara Vany ao seu escritório?

- Não vai sentar? – Perguntou Harry olhando-o enquanto mordia um lanche.

- Onde?

- Ora, no chão. Isso é um piquenique, tem que sentar no chão.

- Isso mesmo papai. – Snape ainda não se acostumara com o fato de Riley o chamar de pai, mas parecia algo tão natural dela que não se surpreenderia se um dia a estranheza acabasse e esse fato tornasse-se corriqueiro. – Tem que sentar no chão. – A menina sorriu antes de se sentar sobre a toalha, mas ela tinha dez anos, era uma criança ativa que não ligava para mais nada do que o momento em que estava vivendo. Harry era um adolescente estranho e que gostava de coisas estranhas, mas ele era um mestre de poções, tinha orgulho e altivez. Como poderia simplesmente sentar-se no chão?

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora