Almofadinhas

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Capítulo 29 - Almofadinhas

Harry teve que piscar duas vezes antes de finalmente acreditar no que estava vendo. Tudo bem que já se acostumara a ver muitas coisas que jamais imaginou relacionado com Snape como coisas comuns do dia a dia, carinhos despercebidos, preocupações e até mesmo amor. Já o viu chorar e pedir, sonhar e sorrir, deveria ter gravado o dia em que começou a cantar. Mas quem diria que o veria em tal estado de fascínio perante uma mulher. De longe podia ver a proximidade dos dois, os corpos colados, as bocas quase se encostando e até mesmo a respiração audível.

- O que você está vendo? – Perguntou Riley aparecendo ao seu lado.

- Shh. – Fez Harry com o dedo nos lábios. – Nós vamos atrapalhá-los. – Indicou seus pais com o dedo.

- Você acha que eles vão se beijar? – Perguntou Riley em um sussurro. Harry realmente esperava que não. Seria nojento. – Seria lindo, não é Harry? – Harry revirou os olhos e sentiu a pequena pegar sua mão e puxá-lo para o outro lado do local. – Vem, quero te mostrar uma coisa.

Snape nem mesmo percebeu que as crianças estavam ali ou que havia cachorros latindo, o tempo também poderia ter parado, pois não ouvia mais o tique taque irritante. Naquele momento só conseguia ouvir o bater de seu próprio coração acelerado como há muito não ficava, seus olhos só enxergavam os marejados, grandes e brilhantes olhos dela ou perceber suas próprias mãos estrategicamente postadas uma na curva de seu pescoço, perigosamente perto de sua nuca claramente arrepiada e a outra em sua cintura apertando-a de leve.

- Severus. – Ela sussurrou quando a mão dele pressionou lentamente sua cabeça para frente enterrando-se em seus cabelos.

Vany tinha o coração batendo aos pulos dentro do peito, conseguia até mesmo senti-lo bater em sua caixa torácica, nem conseguia se lembrar a última vez que conseguiu se arrepiar daquela forma ao se ver cada vez mais próxima dos lábios de um homem. Os olhos de Snape se fecharam ao mesmo tempo que os seus e agora só havia sensações e expectativas. Suas mãos espalmaram-se no peito dele sentindo os músculos sob a roupa quando sentiu o lábio roçar de leve ao seu, mas rapidamente se afastar junto com as mãos no exato momento em que um grito de euforia foi ouvido.

- Mamãe!

Riley apareceu correndo pelo corredor com um sorriso no rosto. Vany respirou fundo e colocou os cabelos para trás antes de olhar para Snape que já se afastara com os braços cruzados e os ombros tensos. Fechou os olhos novamente amaldiçoando a interrupção e se arrependendo imediatamente ao olhar para o rostinho infantil e ver a expectativa no olhar da menina que não tinha culpa de não entender as complicações dos adultos, nem ela mesma conseguia entender.

- Oi meu amor.

- Achei um cachorro lindo, vem ver.

Vany segurou na mão da menina e se deixou levar parando apenas para falar rapidamente com Snape que tinha os braços ainda fortemente cruzados. Assim que o chamou e ele a olhou viu que seu olhar era duro deixando-o ausente de qualquer aspecto que estivera ali há poucos segundos. Ela avisou que iria ver um cachorro com Riley e recebeu de volta apenas um rápido e seco.

- Claro.

Mesmo sabendo que não precisava de outra resposta além dessa Vany franziu os lábios e olhou novamente no fundo dos olhos dele procurando e não o achando. Então simplesmente virou-lhe as costas e se deixou levar pela menina que parecia prestes a morrer de felicidade. Assim que Vany desapareceu por uma sala paralela, Snape soltou a respiração e passou a mão nos cabelos colocando-os para trás ao mesmo tempo que tentava entender o que se passava consigo. Desde quando se deixava envolver assim por uma mulher? Nunca tivera olhos para ninguém mais além de Lily, mesmo após sua morte, jamais sujou sua memória pensando em outra pessoa. Era por isso que as veelas não o incomodavam, não havia modo delas o hipnotizarem, pois seu coração e sua mente estavam presos na lembrança imaculada da mulher de cabelos de fogo. No entanto Vany conseguira penetrar sua barreira de proteção e se infiltrara onde somente Lily conseguira ir até o momento. Snape sentiu-se confuso, não conseguia chegar a uma compreensão lógica e por mais que odiasse sequer pensar nisso, sabia que a melhor maneira de entender o que estava acontecendo era perguntar ao bisbilhoteiro, irritante, manipulador, mas sábio Dumbledore.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora