Capítulo 51 – O fim – Parte 2
"Ele está em Hogwarts"
O patrono em forma de lince já se dissipara, sua branca fumaça espalhava-se pelo ar sumindo em meio as partículas de pó e vida daquela casinha. Respirações fortes e profundas foram dadas, perguntas perdidas em meio ao medo e as dúvidas. A mulher estava diante de si, olhando em seus olhos e perguntando alguma coisa, mas sua voz não chegava até seus ouvidos, a criança em seu colo o olhava com curiosidade, pequeno, com cabelos negros e lisos contrastando com sua pele alva e seus olhos azuis feito o mar. Ao lado, a menina que crescera alguns centímetros desde quando a viu pela primeira vez, com cabelos loiros e cacheados iguais aos da mãe, ela também perguntava algo enquanto o cachorro latia e abanava o rabo na expectativa de alguma coisa interessante.
Snape podia ver todos esses detalhes e até mais como a luz da lua que entrava pelas mínimas frestas entre a porta e o batente. O tremor suave do chão enquanto Vany caminhava na sua frente de um lado para o outro, hora falando com ele, hora consigo mesma. Conseguia entender as expressões dos presentes, até mesmo do bebê ou do cachorro, mas o que ele não conseguia era arquivar o que falavam, pois as vozes, provavelmente altas e temerosas, eram simplesmente ignoradas e a única voz que ainda reverberava por sua mente era a grossa e baixa de Kingsley.
"Ele está em Hogwarts"
- Ele está em Hogwarts.
Fora a única coisa que Snape dissera antes de sair disparada para dentro do mínimo quarto que dividia com Vany. A veela entregou a criança para Riley segurar por alguns instantes. A menina tentou protestar, mas a mãe não lhe deu atenção indo atrás de seu marido.
- O que está fazendo?
Snape não lhe respondeu, apenas continuou tirando de dentro do baú aberto uma antiga veste negra que há muitos meses não usava. Separou em cima da cama com lençóis brancos a bota grossa, a calça negra e gasta, o sobretudo de couro e pôr fim a capa negra e esvoaçante que por muitas noites fora o manto de seus pesadelos e o acalanto de seus medos. Suas mãos esbarraram-se na máscara prateada, seus dedos a puxaram para fora com um certo cuidado. Era uma lembrança antiga da qual deveria ter se livrado quando sua marca desaparecera de seu braço, mas não conseguiu visto que aquele pedaço de metal, coberto de riscos e manchas de sangue velho, era uma parte do seu ser, antigo, mas seu. Passou o dedo com delicadeza em cada marca feita, um risco para cada pecado. Não queria contar quantos riscos tinha ali. Por um único momento fechou os olhos e trouxe a máscara para perto de seu peito, não queria lembrar-se dos momentos de crueldade que compartilhara com ela, aqueles em que seu rosto ficara escondido e protegido enquanto os inocentes pediam por proteção. O que necessitava naquele momento era apenas da força daquele ser que estava dentro de si, adormecido. Aquele comensal calculista e frio. Precisava da força dele, pois a guerra fora iniciada e ele estava prestes a caminhar em direção a ela.
- Severus. – Chamou Vany baixinho.
Devagar e com a máscara ainda em suas mãos, segura contra o peito, o homem se virou e encarou o rosto da mulher. Pensou ver ali o desespero de uma esposa e mãe, os gritos calados do medo da perda, mas quando tocou de leve a bochecha rosada e aprofundou-se nos claros olhos dela a única coisa que viu foi a cena em seu laboratório da casa da Rua da Fiação. Assistiu novamente o quanto sua vulnerabilidade o deixara fraco e como Vany o erguera com sua confiança. Ouviu as palavras claras daquela que o aceitava como um ser único e imperfeito.
- Lembra o que te pedi para fazer antes de ir para a guerra?
Como poderia esquecer? Não haveria nada no mundo que um dia o fizesse esquecer do que prometera àquela mulher. Cumprindo sua palavra, Snape sentiu a máscara finalmente se dissolver em fumaça entre seus dedos enquanto seus lábios tocavam os dela sentindo o gosto doce do mel. As mãos então livres apressaram-se a rodear-lhe a cintura e puxar-lhe para cima em um aperto forte e saudoso. Enquanto suas línguas bailavam entre si e as mãos tentavam tocar cada centímetro de pele que podiam, Snape tentava não pensar que aquele poderia ser o último beijo, não queria deixar Vany com o gosto de despedida e sim com o doce sabor da esperança. Ele voltaria para ela, em algum momento, naquela vida ou em outra, talvez até mesmo em outro mundo ou dimensão, ele voltaria para ela, para seus quentes braços e leve sorriso.
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Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)
RomanceFIC SEVERITUS - NÃO SNARRY! Após tantos anos vendo Harry Potter sofrer nas mãos de seus tios, Dumbledore finalmente consegue uma forma de passar o laço de sangue de Lillian para outra pessoa. A partir desse momento Snape se vê obrigado a aturar o me...