Capítulo 26 – Uma ceia para quatro
Harry acordou com a luz branca que banhava sua janela, por mais embaçados que estivessem ainda eram capazes de captar a neve que se instalara nos vidros. Abrindo um sorriso Harry se levantou da cama e correu para a janela passando a manga do pijama pelo vidro e vendo a neve cair pesadamente na rua. Havia milhões de flocos brancos se alojando na beira do rio que a essa hora estava quase congelado e na capota dos carros que ficaram estacionados na rua. Era véspera de Natal e o dia parecia estar perfeito.
Com o sentimento de felicidade instalando em seu peito voltou para sua cama e a arrumou perfeitamente antes de ir ao banheiro se lavar. Quando voltou seus dentes batiam um no outro, estava realmente muito frio, rapidamente colocou a roupa quente e saiu do quarto descendo as escadas para a sala. Snape estava na cozinha preparando o café, vestia uma simples calça preta e uma camisa de manga comprida. Harry olhou para seu casaco grosso e depois para Snape novamente.
- Como consegue? - Perguntou retirando o casaco e depois colocando-o de volta, estava muito frio.
- Consegue o que? - Perguntou o homem sem tirar os olhos da frigideira onde fazia os ovos mexidos do café.
- Ficar só com essa roupa, eu estou morrendo de frio.
- Depois de anos em minha profissão e habitando os lugares que habito o frio começa a não te atingir.
- Está falando de ficar o tempo todo nas masmorras ou de ser comensal?
- Os dois. - Respondeu Snape após parar de mexer a espumadeira por alguns segundos e pensar na melhor resposta.
- Você tem que ir a muitos lugares frios?
- Prefiro não falar sobre isso. Combinamos de deixar minha vida como comensal para lá. Não foi?
- Desculpe, não pude evitar.
- Eu sei. Como sempre, senhor Potter, é um bisbilhoteiro que vive metendo o nariz onde não deve.
Apesar da frase grosseira Harry não se importou, pois um sorriso torto nascia nos lábios de Snape. O relacionamento dos dois estava daquela forma desde que voltaram do laboratório de Snape. Simplesmente tentavam conviver como qualquer pai e filho, sem haver questionamentos ou julgamentos. A única coisa que Snape exigiu foi que Harry não tentasse descobrir ou se meter em seu trabalho como comensal, que aquela parte de sua vida não era acessível a ele e que não deveria fazer perguntas sobre isso.
- Você vai queimar os bacons dessa forma. - Disse Harry vendo Snape se atrapalhar com o café.
- Droga. - Xingou o homem desligando o fogo.
- Deixa que eu faço isso. - Disse Harry se levantando e ficando ao lado dele com a mão estendida esperando a espumadeira.
- Você não vai fazer o café da manhã, já conversamos sobre isso também, será que você tem problemas de memória?
- Não tenho problemas de memória, mas também não acho que fazer um café da manhã, ou tentar salvar o que temos seja me transformar em um escravo. Aliás, pelo que vejo, tenho muito mais experiência em fazer ovos com bacon do que você.
Desistindo Snape entregou o fogão na mão de Harry e se sentou na mesa enxugando as mãos no pano de prato.
- Como que um mestre de poções não consegue fazer esse tipo de coisa?
- Eu trabalho com coisas precisas e não com o dever de dar comida para os outros.
- Ah, é. Esqueci que você praticamente não come. Não sei como não fica doente.
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Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)
RomanceFIC SEVERITUS - NÃO SNARRY! Após tantos anos vendo Harry Potter sofrer nas mãos de seus tios, Dumbledore finalmente consegue uma forma de passar o laço de sangue de Lillian para outra pessoa. A partir desse momento Snape se vê obrigado a aturar o me...