Momentos

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Capítulo 10 – Momentos

Snape ouviu o chamado do menino e sentiu o medo e desespero de sua alma. Valter Dursley estava parado diante de Harry e o olhava como se fosse um rato que estava prestes a ser esmagado pelos seus pés imensos. Harry estava paralisado e com os olhos arregalados sem saber o que fazer. Viu o menino abrir a boca e a fechar diversas vezes enquanto tremia e tentava inutilmente dar um passo para trás. Seu corpo não lhe obedecia.

- Pai? – Perguntou Tio Valter estreitando os olhos. – Seu pai está morto moleque.

Harry apertou o pequeno folhetim que segurava em suas mãos inseguras quando o homem se aproximou abrindo os lábios em um sorriso tenebroso. Harry aprendera a temer esse sorriso, era o sorriso que antecedia a dor, aquele sorriso sádico que o acompanhava em seus pesadelos sempre o lembrando de que jamais poderia fugir daquilo.

- Ele morreu, explodiu-se em seu mundo estranho e cheio de aberrações. Infelizmente não o levou junto com ele, seria uma benção o mundo sem a sua presença medíocre e imunda. Talvez eu até conseguisse respirar.

- Me deixe em paz. – Sussurrou Harry fechando os olhos. – Por favor, vá embora.

- Ainda acha que tem o direito de dizer alguma coisa, seu merdinha? Depois que enfiou um daqueles monstros na minha casa me atacando. Eu deveria era te ensinar uma boa lição, fazê-lo aprender de uma vez por todas qual é o seu lugar no mundo.

Harry abriu os olhos e viu o rosto de Tio Valter ficando vermelho. Olhou para os lados e percebeu que o local onde estava era exatamente o melhor local para o que o homem queria. Todos já haviam ido para a próxima sala com os monitores e eles continuavam em um local vazio e escuro com os tanques de guerra, bandeiras e manequins. Era horrível. Imediatamente, como uma reação automática de seu inconsciente ao olhar de seu tio, Harry se encolheu e protegeu a cabeça com as mãos quando o braço de Tio Valter se estendeu querendo se prender em seu braço para assim arrastá-lo para algum lugar fora do alcance das câmeras onde poderia finalmente se divertir com seu sobrinho querido.

Sentiu o peso da mão gorda em seu braço apertando até doer seus ossos. Harry pulou de susto e abriu a boca de surpresa, mas não soltou nenhuma exclamação, aquele olhar mandava-o se calar.

- Vamos conversar a sós, querido sobrinho.

- Eu acho que é melhor o senhor soltar o meu filho.

Harry olhou surpreso para a outra mão que se sobrepunha a do Tio Valter, ficou mais surpreso ainda quando a viu apertar a mão gorda que se soltou de seu braço o deixando livre de suas garras. Assim que conseguiu se mexer olhou para a pessoa a sua frente e reconheceu o disfarce de Snape, seus cabelos curtos e claros, sua pele jovem e enrugada como o de um homem de meia idade, os olhos claros como o céu da manhã. Snape estava ali na sua frente, mais uma vez protegendo-o de seu tio, das mãos de seu tio.

Sem nem mesmo se virar, sem tirar os olhos do homem gordo a sua frente Snape estendeu o braço para trás postando-a na cintura do menino e o empurrando para trás de si. Harry obedeceu e se encolheu nas costas de Snape. O professor sentiu as mãos trêmulas tocarem em sua jaqueta segurando-se nela como se fosse seu bote salva vidas e olhando para o homem a sua frente podia acreditar que era.

- Seu desgraçado! – Vociferou Tio Valter massageando a mão.

- Machucou? Desculpe, nem percebi. – Disse Snape sarcasticamente.

- Esse demônio não é seu filho, é meu sobrinho e exijo que saia da minha frente. Preciso ensinar uma boa lição a esse moleque.

Harry não viu, mas sentiu o corpo de Snape ficar tenso e seus ombros endurecerem enquanto sua aura sombria crescia ao seu redor transformando seu olhar em uma navalha afiada capaz de cortar qualquer pessoa que se coloque na sua frente.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora