Conversa entre família

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Capítulo 41 - Conversa entre família

Seus passos a princípio eram rápidos e ágeis, subiu os degraus quase que correndo, dois a dois, mas quando se viu naquele corredor algo o deteve. Segurou-se na parede olhando para a porta dupla no final do corredor. Fechou os olhos só por um instante e respirou fundo controlando a ansiedade que queria tomar conta de seu corpo fazendo-o tremer e temer a proximidade com as pessoas dentro daquele recinto. Entendia agora que jamais poderia ser como antes, que não havia volta. Não era somente a questão da tatuagem, era ele. Mudara de tal forma que jamais conseguiria ser novamente aquele ser obscuro de antes. Antes não havia luz, agora havia, a luz eram aquelas pessoas que aos poucos entravam em seu campo de visão enquanto abria a porta, as pessoas que estenderam a mão e o puxaram do precipício, que o salvaram do nada e do escuro. Não havia mais como desligar a luz, pois eles não podiam ser apagados. Eles eram luz e as luzes olhavam para si.

- Severus. - Sussurrou a voz baixa de Vany ainda na cama.

- Pensei que não iria acordar hoje. - Falou Severus parado ao pé da cama da mulher. - Madame Pomfrey disse que talvez tivesse que te mandar para o ST'Mungus.

- Sou mais forte do que pensa, querido. Acordei agora, senti você, senti que precisava de mim. - Disse a mulher estendendo a mão. - Fica perto de mim.

Snape aceitou a mão estendida e entrelaçou seus dedos aos da mulher quando a mesma o puxou para mais perto. Sem se importar com os pensamentos idiotas em sua mente Severus acariciou o rosto dela e afastou os cachos loiros que caiam em seu rosto. Seus negros olhos se depararam com ela e brilharam ao perceber novamente a beleza que tanto o encantara desde a primeira vez em que se encontraram no mundo trouxa. Ela era tão perfeita, seus traços eram finos, seus olhos claros resplandeciam luz, seus lábios carnudos e vermelhos. Era passível de dúvida o amor que ela dizia sentir por si, como uma mulher linda como aquela poderia amar um ser tão feio, velho e amargurado como ele? As perguntas eram cada vez mais espantadas para o fundo de sua mente uma vez que entendia que elas eram causadas exatamente pelo fato de amá-la e sentir que poderia perdê-la, ele a amava como jamais amou outra, mais ainda do que Lilian. Não havia mais cabelos de fogo que o faziam passar noites acordado remoendo a culpa de outrora. Lilian finalmente descansara sua alma em seu túmulo deixando-o livre para ser inteiramente da veela que lhe sorria fraco.

- Deveria descansar. - Disse Severus arrumando o cobertor para que a cobrisse corretamente. - Você se desgastou demais.

- Eu estou bem, Severus. Estou melhorando cada minuto mais, no momento não é comigo que precisa se preocupar. Precisamos conversar. - Vany pediu que ele a ajudasse a se sentar e depois de estar devidamente sentada e confortável a mulher soltou a respiração e segurou a mão de Severus com firmeza. - Severus, antes de você entrar aqui e antes que eu acordasse, eu ouvi, mesmo que ainda estivesse inconsciente, o desabafo de Harry.

- Vany, por favor, não. - Disse Harry fazendo Snape perceber que ele estivera o tempo todo presente, estava sentado em uma cadeira do lado da cama de Riley que era a única coisa que separava-o de Severus. - Se você ouviu, deixa quieto. Já passou.

- Não Harry, não deixarei isso quieto. Severus, você é maravilhoso, um homem bom e amável quando quer. Sei que seu passado é cheio de sombras, sei que carrega um peso maior que sua alma, algo cruel de se carregar. - Ela respirou fundo sentindo falta de ar, mas não parou, olhou fundo nos olhos de Severus e continuou. - Mas nada justifica o que fez com Harry, seu próprio filho. - Severus abriu a boca para falar alguma coisa, mas Vany ergueu a mão e mesmo com uma careta pela fraqueza que começava a carregar seu corpo continuou a falar. - Não quero suas desculpas ou justificativas, não eu. Nós te amamos Severus, mudamos conceitos sobre você, abrimos nossos corações, aceitamos você como é, mas isso não quer dizer que você pode fazer o que quiser. Somos uma família agora, você é meu marido, ainda que não tenhamos nos casado, você é o pai de Riley e Harry, um pai que deve proteger, amar, dar lições quando erram e apoiar quando se ferram ou fazem algo certo.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora