Perdido em pesadelos

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Capítulo 23 – Perdido em pesadelos

Os dias passaram com uma lentidão gritante, pareciam se arrastar enquanto o relógio parava. Os alunos já começavam a se desesperar com a quantidade de deveres e trabalhos passados. Os jogadores de Quadribol faziam seus treinos quase diariamente querendo cada casa ser a vencedora do campeonato naquele ano. Era possível sentir de longe a hostilidade entre as casas onde muitos pensavam na forma em que poderiam derrotar o outro.

Era segunda de manhã e o outono já havia tomado o castelo empurrando o calor para o fundo da mente dos jovens que agora só se lembravam dele, pois o frio era cada vez maior e o vento cortava mais e mais seus rostos demonstrando como o inverno seria cruel antes mesmo que o Natal chegasse. Porém até mesmo naquele período de temperatura baixa havia um frio bem maior do que o inverno próximo, podia ser sentido por quem estivesse próximo de Harry principalmente nas aulas de poções.

Rony terminava de se arrumar e pegava sua mochila enquanto ainda olhava atentamente para o amigo que calçava o tênis. Harry não falou mais nada referente a ele e Snape desde o dia em que dera um soco em seu rosto, mas era claramente possível ver a guerra que ele travava cada vez que chegava perto do homem. No começo era possível ver Harry explodir com qualquer pessoa que perguntasse o que ele tinha ou quase presenciá-lo lançando uma maldição em Snape quando esse lhe dizia alguma coisa sobre seu dever na aula. Mas agora era diferente, apesar de algumas vezes ser desmentido por seus olhos, Harry não fazia nada mais do que desprezar Snape, inclusive em sala de aula.

Tal atitude assustou os amigos, muito mais Neville que se viu como principal meio de Snape provocar a ira do amigo. O grifinório tremia cada vez que Snape chegava perto e lhe fazia perguntas que sabia, mas que não conseguia responder só para depois o humilhar e o insultar no meio da sala inteira. Neville sempre olhava para Harry sentado ao seu lado esperando que o menino o defendesse como sempre fizera, mas agora Harry só apoiava a cabeça nas mãos e olhava para algum ponto atrás da mesa do professor literalmente ignorando-os.

Algumas vezes Snape se voltou para ele usando-o como objeto de injurias, muitas vezes o menino o respondeu com um atrevimento tamanho que não parecia ser dele. Snape sentia o ódio puro destilado na língua dele escapando por seus lábios e o acertando como um tapa violento que se dá em alguém quando quer acordá-lo. Talvez Potter quisesse acordá-lo para o fato de que jamais iria perdoá-lo, mas ele não fazia a menor idéia de que o maldito veneno daquele sentimento já corria em suas veias há muito tempo e a cada dia que passava ficava mais e mais forte fazendo-o sentir em seu âmago que mais e mais gostava ao menino e o queria protegido sob seus braços.

- Detenção, senhor Potter. – Disse após o claro atrevimento em não responder três de suas perguntas. – E dez pontos a menos para a Grifinória. O resto da classe está dispensada, o senhor fica.

Hermione olhou de relance para Rony, depois Harry e por último Snape que permanecia parado de braços cruzados olhando para o menino que permanecia sentado com uma expressão de tédio.

- Te esperamos aqui fora, Harry.

- Está bem. – Disse o menino dando um sorriso de canto.

Quando todos os alunos saíram e o último fechou a porta Snape se virou para o menino que rodava um lápis com o dedo displicentemente dando lhe tanta raiva que caminhou até ele e retirou o lápis de sua mão tacando-o longe.

- O que pensa que está fazendo? – Perguntou apoiando as mãos na carteira do menino.

- No momento estou respondendo a uma pergunta. – Respondeu o menino vendo os olhos do professor arderem de raiva pelo atrevimento. Mas Snape respirou fundo e se controlou.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora