Capítulo 4 – Segurança
Snape aparatou em uma rua próxima à sua casa. Um vento morno passeava entre as residências batendo em seu rosto e se afastando rapidamente da raiva exposta em seus olhos frios. O sangue ainda corria por suas veias carregando o ódio e a fúria que deixou crescer em seu interior. Respirando fundo tentou se acalmar, precisava ficar calmo, caso contrário poderia se deixar levar pelo momento e fazer algo que definitivamente não deveria fazer.
Não, ele precisava se controlar.
Mas é que jamais imaginou ver aquele tipo de cena acontecer com Harry Potter. O menino de ouro não demonstrava que algo assim acontecia. Snape sabia como uma pessoa ficava quando era maltratada pelos familiares, já sentiu em sua própria pele. Era estranho, Potter não era tão reservado quanto deveria ser, nem anti-social. Claro que ele tendia um pouco para o drama e gostava de quebrar regras, mas era um menino em plena puberdade, era correto ser daquela forma.
Realmente não entendia. A única coisa que ele sabia era que Potter havia se agarrado a si antes de desmaiar e agora estava amparado por seus braços. O menino tinha feições leves como se estivesse só dormindo sem se lembrar que estava todo machucado e negligenciado. Por um momento Snape apenas olhou para seu rosto marcado sem pensar em algo, apenas o fitou como se o visse pela primeira vez na vida. Após alguns segundos, sem nada dizer ou pensar, ergueu Potter em seus braços o aconchegando em seu peito e o levou pela rua deserta. O menino era leve demais, nem mesmo parecia que estava carregando um menino de dezesseis anos. Parecia apenas um saco leve de carne, morto.
Mas Harry não estava morto e demonstrou isso ao abraçar seu pescoço escondendo seu rosto em seu ombro. O aperto não era forte, mas foi o suficiente para que Snape soubesse que precisava se apressar.
Após alguns passos, chegou a uma casa simples no final de uma rua estreita. Parando à porta, puxou a varinha e recitou um feitiço abrindo-a e entrando em uma sala ampla e escura. Velas se acenderam no momento em que a porta fechou. Seus olhos percorreram rapidamente a sala espaçosa e cheia de livros, mas não pararam para admirar a calma que as folhas escritas lhe passavam. Com pressa adentrou a um corredor lateral e abriu outra porta entrando agora em um quarto simples com uma cama grande.
Com cuidado, ajoelhou-se na cama e depositou o menino semi-inconsciente. As mãos de Harry estavam presas em seu colarinho, ele não queria se desgrudar de si. Para Harry tudo era confuso naquele momento, nada fazia sentido, ele só sabia que se sentia seguro e acolhido onde estava e agora estavam tentando afastá-lo de sua fonte de segurança. Ele não queria partir, queria ficar ali para sempre e não mais acordar.
Dormir era mais fácil, era só deixar seu corpo o levar para qualquer outro lugar. Não era preciso pensar ou se preocupar, era só desistir.
Isso, se desistisse não haveria mais Tio Valter e sem Tio Valter não teria mais sofrimento. Seria muito bom.
Mas nunca o deixavam fazer o que queria, por que imaginar que deixariam agora?
Não. Alguém o impedia de dormir.
Harry estava com a consciência presa por um fio e por esse fio percebeu que alguém soltava sua mão de sua fonte de segurança e o empurrava deitando-o em algo quente e confortável.
Humm, talvez ali não fosse tão ruim.
Ele se virou agarrando o cobertor. Não havia percebido que estava com tanto frio, mas agora que tocou aquela superfície quente percebeu que na verdade estava morrendo de frio. Era melhor se cobrir. Iria se cobrir e ficar quietinho, mas novamente alguém o impedia. Por que a pessoa não o deixava fazer o que queria?
- Droga. – Ouviu alguém exclamar enquanto uma mão extremamente gelada se postava em sua testa. – Está com febre.
"Não estou com febre, só estou cansado e com sono." Pensou Harry se revirando na cama.
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Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)
RomanceFIC SEVERITUS - NÃO SNARRY! Após tantos anos vendo Harry Potter sofrer nas mãos de seus tios, Dumbledore finalmente consegue uma forma de passar o laço de sangue de Lillian para outra pessoa. A partir desse momento Snape se vê obrigado a aturar o me...