Uma ordem a cumprir

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Capítulo 2 –Uma ordem a cumprir

O caldeirão borbulhava calmamente em fogo baixo cozinhando os ingredientes que foram acrescentados em quantidades milimetricamente medidas. Sua cor azulada indicava que sua composição estava quase pronta, quando a fumaça espiralasse em cor violeta e seu líquido ficasse liso, sem bolhas estourando em sua superfície, aí sim estaria pronta para ser engarrafada e enviada para a ala hospitalar de Hogwarts onde Madame Pomfrey guardaria para seus alunos inconsequentes poderem passar mal a vontade.

Uma sensação de tranquilidade dominou o corpo de Severus Snape que desabotoou seu sobretudo deixando-o em cima da cadeira perto do balcão de ingredientes. Os caldeirões estavam todos completos com as poções listadas no pergaminho em cima da bancada. Agora era só colocar nos vidros correspondentes, tampá-los corretamente e mandá-los para aquela velha guardar no armário empoeirado, assim ela finalmente o deixaria em paz e pararia de cobrar-lhe mandando corujas o perturbar em seu laboratório.

O mestre de poções largou o corpo em uma poltrona próxima e lançou seu olhar nas chamas azuladas vendo-as dançar em suas labaredas bonitas e intensas. Muitos pensamentos rodavam em sua cabeça enquanto convocava um copo de Firewhisky do bar até sua mão vazia. Quando o copo foi levado a boca era possível sentir o ardor da bebida forte em sua língua. O líquido desceu calmamente pela garganta dele queimando o caminho que levava para seu estômago. Apesar da sensação de queimação e ardor, era bom, trazia um calor que subia por seu corpo relaxando seus músculos. O homem soltou um suspiro encostando-se completamente na poltrona e abrindo os primeiros botões da camisa branca.

Ele queria apenas respirar e descansar sem pensar em nada, mas sua mente era traiçoeira e quando não estava em completa concentração ela o carregava de imagens como a última reunião com o Lord das Trevas. Por sorte e principalmente sua competência, não fora castigado pelas falhas ocorridas no Ministério da Magia. Porém, mesmo não sentindo na pele a cólera do Lord, ouvia as lamentações e pedidos de perdão que vinham das bocas dos comensais rastejando no chão.

Como detestava ter que ver e se lembrar disso, por mais que odiasse cada um deles, comensais nojentos, assassinos, estupradores, torturadores. Odiava ter que presenciar os atos cruéis do Lord, pois cada vez que via os olhos vermelhos brilharem de ódio se lembrava que eles brilharam para Lilian Evans antes de tirar-lhe a vida.

Ele não ligava para as mortes dos servos de seu mestre, que morressem todos, mas o que mais o incomodava era o fato de que estava ao lado dele, seu braço direito, fazendo o que era mandado, obedecendo ao assassino dela. Precisava realmente ter muito controle caso contrário enlouqueceria em pouco tempo. Mas ele era Snape, conseguiria passar por tudo que fosse necessário para cumprir a promessa feita à ela.

Enquanto se lembrava das imagens com o Lord, ouviu batidas leves na porta de seu escritório. Suspirou sabendo quem estava do outro lado da madeira, somente uma pessoa bateria em sua porta na época de férias e com aquela sutileza. Fechou e abriu os olhos rapidamente em claro cansaço, se levantou e saiu do laboratório fechando a porta levemente. Seu escritório estava vazio e gelado. Acendeu os archotes nas paredes e se dirigiu a porta retirando os feitiços que havia colocado.

Ele abriu a porta.

O sorriso de Dumbledore era irritante mesmo depois de um copo cheio de Firewhisky. Snape se apoiou no batente olhando para os olhos azuis imaginando qual seria o pedido que o velho lhe faria dessa vez.

- Boa noite, Severus. – Disse Dumbledore olhando-o.

- Será boa dependendo do que irá me pedir dessa vez.

- Ora Severus, só venho aqui para conversar.

- Duvido muito. – Disse Snape afastando-se um pouco e abrindo a porta completamente para que o velho pudesse entrar.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora