Confissões entre poções

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Capítulo 25 – Confissões entre poções

As coisas de Harry estavam devidamente arrumadas em sua mochila pendurada no ombro. Deixara o malão no quarto, não havia necessidade de levá-lo junto já que estava indo para casa e lá havia roupas e tudo que precisava. Harry franziu a testa, era a primeira vez que saia para as férias de Natal e não ia para junto da família Weasley com Rony. O menino, que esperava na entrada da escola, olhou para o jardim coberto de neve e abraçou-se pensando em tudo que passara até ali e medindo seus sentimentos como vinha fazendo essas últimas horas desde que informara para Snape que iria para sua casa. Mais de uma vez Snape lhe perguntou por que estava fazendo aquilo e mais de uma vez deu-lhe a mesma resposta que não convenceu o sonserino, mas que fez acender em seus olhos uma chama que transformava em pecado qualquer intensão de apagá-la.

A verdade era que Harry estava muito mais confuso do que quando essa bagunça toda se iniciou, no início havia em si apenas um desprazer pelo homem que logo se transformou aos poucos com a convivência, simplesmente sumiu dando espaço para o carinho, amizade e amor. Mas agora, depois de tudo, esses sentimentos dobraram de tamanho inchando seu coração, mas dividindo lugar com o receio e o medo. A raiva e o ódio beiravam a entrada desse órgão poderoso tentando infiltrar-se e acabar de vez com sua tentativa de manter uma convivência com Snape.

Quando o relógio da escola marcou meio dia Snape subiu as escadas devagar, ainda estava machucado apesar de já ter se curado quase por completo. Seu rosto estava pálido mais do que o normal devido a constante perda de sangue que precisava ser reposta com poções que Madame Pomfrey ministrava. Ainda assim, mesmo cansado e com fortes olheiras, o mestre de poções mantinha em seu olhar aquela chama constante que sempre aumentava conforme se aproximava do menino e via que ele realmente estava ali, ao seu lado, que não era mentira.

- Pegou tudo? – Perguntou Snape.

- Sim, está na mochila.

- Certo.

- Vamos então.

- Harry. – Chamou Snape segurando em seu braço antes dele conseguir dar o primeiro passo. – Você tem certeza?

- Já disse que sim. Pare de ficar perguntando toda hora.

- Entenda. Eu quero que você vá, eu quero passar o Natal com você, mas não quero que vá por alguma obrigação.

- Eu vou porque eu quero, então vamos logo porque está muito frio.

Harry passou por Snape e caminhou pelo jardim até o portão de entrada. Seus pés enterravam-se na neve e uma ou duas vezes escorregou molhando suas calças, Snape por sua vez caminhou sem nenhum problema até alcançar o menino no portão. Harry tremia da cabeça aos pés enquanto esperava para fazer a aparatação conjunta. Snape pegou em seus braços e foi com alívio que sentiu o puxão irritante e enjoativo que o levou diretamente para o beco ao lado da casa de Snape. Harry colocou as mãos nos joelhos e respirou fundo tentando esquecer a vontade de vomitar, logo que conseguiu se controlar olhou para Snape que o esperava.

- Vamos.

- Não vai me cobrir com a capa de invisibilidade?

- Não preciso, segui o seu conselho e o Lord está de aviso que estou como sua babá. – Respondeu Snape caminhando em direção a casa.

- E ele não disse nada? – Perguntou Harry surpreso parando no primeiro degrau. – Quer dizer. Você é um comensal e eu sou o maior desejo dele, era de se esperar que ele pedisse que me levasse.

- O Lord não pode tocar em você ainda, não até ter dezessete anos, então até que foi uma ideia boa. – Disse tocando a varinha na maçaneta, mas ainda olhando para o menino. – Para todos os efeitos estou realmente como sua babá para poder te proteger de qualquer perigo que possa correr, inclusive comensais idiotas que querem fazer justiça pelas próprias mãos como o que te acertou em Hogsmead. E também tem o fato de que nenhum comensal chegará perto de mim, o Lord deu instruções claras de que ninguém deverá chegar perto de nós para que você não desconfie. Você precisa estar nas minhas mãos.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora