Ou Voldemort ou eu

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Capítulo 33 - Ou Voldemort ou eu

Ele pediu para ela não olhar, praticamente implorou que virasse o rosto e fugisse daquela cena asquerosa. Ela era inteligente e poderosa, conseguia entender seus sinais, tanto que não se moveu para ajudá-lo, mas porque ela ainda o olhava. Por quê? Snape não tinha como responder àquelas perguntas que ele mesmo fazia, não havia como conseguir pensar em muitas coisas naquele momento, com o corpo contraindo-se de dor devido o feitiço que Voldemort lançara sobre seu corpo. Havia um pouco de racionalidade em si, o suficiente para manter a mente concentrada em não deixar vazar nenhuma informação importante, mas isso lhe custava toda a força que tinha.

- Crucio!

Riley gritou, mas nada saiu de sua garganta, Vany a enfeitiçara com um abafiato para que não fosse descoberta, ainda que ela mesma estivesse prestes a revelar-se. Com certeza se mostrar e tentar duelar com um ser tão poderoso e maléfico como Voldemort era algo que somente grandes bruxos como Dumbledore poderiam fazer, mas ficar parada apenas assistindo a tortura que se seguia era pior do que pôr sua vida em risco diante dos olhos vermelhos. Respirando fundo ergueu a mão com a varinha e apontou para Voldemort que sorria em meio aos atos maléficos, porém antes que conseguisse fazer qualquer coisa ouviu a voz quebrada lhe ordenar.

- Não.

Surpreendida pela força que aquele homem tinha olhou para Snape e seus olhos encheram-se de lágrimas. Ele estava deitado de costas sobre o tapete velho da casa, seus cabelos espalhavam-se pelo chão e o suor encharcava lhe o rosto contraído em uma careta cruel com olhos apertados e dentes cerrados. Podia ver as mãos tremendo e os pés batendo com força no chão. Sabia muito bem como era um cruciatus, sabia o que acontecia no corpo de uma pessoa, Daniel lhe dissera como era quando revelara que o Lord pedira que o lançasse em inocentes. Mas o feitiço que Voldemort lançava no corpo de Snape era diferente, não só muito mais poderoso, como muito mais letal. O corpo de Snape arqueou quando Voldemort meneou a varinha, depois bateu no chão com força expelindo todo o ar dos pulmões junto com sangue que manchou o rosto do comensal. Riley abraçou as pernas de Vany e escondeu o rosto em sua roupa. Vany queria fazer o mesmo, mas não conseguia, seus olhos estavam presos em Snape no chão, arfando desesperado em busca de ar, se afogando em seu próprio sangue.

- Você sempre foi o meu servo mais forte Severus. Sempre o mais leal.

- Ainda sou, meu senhor. - Disse Snape com grande dificuldade virando-se de brusco e vomitando.

Maldita hora em que saiu de seus aposentos sem tomar a poção que minimizava os efeitos do cruciatus, sabia que o Lord estava furioso com alguma coisa e que sempre acabava descontando neles. Deveria ter tomado mais cuidado, mas também não era sua culpa, era de Harry, fora Harry quem se intrometera na sua frente e que não saiu quando mandou, fora Harry que...

- Deus. - Sussurrou baixinho lembrando-se do que fizera ao menino. O deixara quase inconsciente no chão. Precisava voltar para Hogwarts, ver como ele estava. Pedir perdão pelo que fizera.

- Deus? - Zombou Voldemort se aproximando e se abaixando perto do rosto de Snape. - Deus não está aqui Severus, ele não pode te ajudar. Sabe muito bem que aqui somos somente nós dois até eu terminar, até eu exaurir todas as suas forças e conseguir ler sua mente como se lê um jornal no café da manhã.

Quanto tempo isso duraria? Uma hora, duas, um dia todo? Snape não sabia responder. Voldemort não era previsível, ele fazia o que queria, como queria e pelo tempo que queria. Se tivesse sorte o mestre iria apenas invadir sua mente e depois iria deixá-lo lá com diversos ferimentos. Voldemort não tinha piedade, de ninguém.

Sentiu quando o feitiço acertou seu corpo novamente, suas unhas fincaram-se no tapete, sua testa tocou o chão e seus olhos se fecharam com força enquanto cada nervo de seu corpo explodia em dor. Sabia que estava machucado, que cortes foram feitos em sua pele e que suas roupas logo estariam ensanguentadas, mas não conseguia pensar nisso, não conseguia pensar em nada, nem mesmo na dor que sentia. Sua mente estava desistindo, estava sem forças.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora