Uma visita a casa de Snape

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Capítulo 32 - Uma visita a casa de Snape

Quando Snape pisou naquele terreno seus pelos se arrepiaram o deixando incomodado. O Lord estava muito irritado e isso não era nada interessante, muito pelo contrário, era completamente perigoso. Precisaria ter cuidado, muito cuidado, qualquer deslize seria fatal. Enquanto caminhava pelo gramado daquela mansão deixava sua mente fechar-se para qualquer mínimo fato que pudesse denunciá-lo. Fechou os olhos tentando se concentrar, a dor em seu braço ainda era lancinante. Devagar afastou o receio e controlou a respiração, precisava manter-se calmo, essa era a chave para toda a sua vida, calma e controle.

Devia sua vida a essas duas coisas.

Ainda de olhos fechados sentiu as barreiras mentais se erguerem para esconder o necessário, todos os sentimentos bons tiveram que ser ocultados, tudo que nascera recentemente fora camuflado por aqueles que só deixava florescer quando estava diante dele. Diante do mestre. Snape fechou as mãos em punho sentindo a mudança nítida em seu corpo. Seus músculos tencionaram-se, seus ombros chegaram a ficar duros. Um rosnado baixo prendeu-se atrás de seus dentes cerrados enquanto os frios sentimentos sobrepunham-se aos bons enchendo suas veias, preenchendo-o por completo. Eles subiram veloz por dentro de sua carne queimando-o de dor até atingir o âmago de sua alma, fazendo Severus Snape ir embora e ficar apenas o comensal com olhos negros e vazios.

O comensal andou firme até a porta que se abriu sozinha. Viu alguns de seus "companheiros" aguardando na sala de estar. Suas feições eram de claro medo, assim como Snape eles sabiam o que os aguardava. Alguns tinham o rosto verde de enjoo, outros estavam curvados sobre seus próprios corpos, provavelmente pela dor que o Lord os fazia sentir.

Mas qual seria o motivo dessa cólera? Por que o Lord os chamara a todos naquele recinto? Era um mistério que queria e não queria descobrir. Seu mestre só chamava todos os seus servos quando estava muito raivoso por erros ou então quando estava muito feliz por algo que lhe dera mais poder. No entanto, vendo o rosto branco de Belatriz enquanto a mulher caminhava em sua direção, sabia que a notícia não era boa.

- Severus.

A voz sibilante chamou a atenção de Snape que afastou o olhar de Belatriz e caminhou esbarrando no ombro da mulher até a entrada do salão de jantar. Malfoy sempre fora muito ostentoso, sua mansão trazia em seu interior decorações milionárias que causava inveja em muitos bruxos, no entanto, não havia decoração bonita, elegante ou cara que afastasse a atenção dos olhos do mestre. Voldemort estava devidamente sentado na cadeira da ponta da grande mesa de madeira antiga, sua mão fina e esquelética descansava na madeira lustrosa. Os olhos vermelhos estavam guardados atrás das pálpebras e sua cabeça estava escorada no encosto da cadeira por onde Nagini subira para deitar a cabeça no ombro do mestre. Olhando daquele ângulo qualquer um juraria que o ser estava dormindo, mas Snape sabia que aquele era apenas um pequeno truque de seu mestre, um truque que ele mesmo conhecia.

Lord Voldemort era capaz de ler uma mente muito bem, mas também tinha completa capacidade para sentir as pessoas. Ele podia sentir os batimentos cardíacos, as mudanças no andar e até mesmo o oscilação nos níveis de magia. Mas Severus não seria um espião duplo por anos se não soubesse de tudo isso e não fosse capaz de enganar aquele homem.

- Chamou-me, milorde?

- Sim, Severus.

O homem abriu os olhos e as íris finas e vermelhas atingiram Snape com mais intensidade do que o habitual. Voldemort acariciou a cabeça de Nagini enquanto, ainda com os olhos presos em Snape, apontou para o chão com o dedo. O professor sabia o que aquilo significava e sem hesitar caminhou até perante o Lord, com os olhos presos aos dele, e então se ajoelhou ao chão e curvou-se até seu nariz quase encostar-se ao mármore gelado. Aquela era a posição de completa submissão que os comensais faziam quando o Lord mandava. Era assim que mostravam o quanto sua existência era patética e quanto aquele ser tinha poder sobre seus corpos, almas e vidas.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora