A proposta de Dumbledore

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Capítulo 5 – A proposta de Dumbledore

Quando Harry abriu os olhos, sentiu-se tonto. Era estranho demais despertar e encontrar o professor Snape sentado em uma cadeira ao lado de sua cama lendo um livro. Na verdade aquela cama nem era sua, se fosse o colchão não seria tão espaçoso e nem um pouco confortável. Seria aquela a cama de Snape? Estaria ele dormindo na cama de seu mais odiado professor? Tirando essas dúvidas da mente, olhou para o rosto sério de Snape. O homem estava completamente concentrado em sua leitura, mas assim que percebeu ser observado, fechou o livro com um pequeno baque e o apoiou na perna antes de olhar intensamente para Harry.

- Como se sente? – Perguntou Snape.

Harry não respondeu, apenas continuou olhando-o. Ainda não tinha confiança no homem, era melhor ser bem cauteloso. Snape nunca foi de se importar consigo, por que agora estava questionando sobre sua saúde?

- Se não quer dizer é problema seu. – Disse Snape vendo o menino o olhar desconfiado. – Mas depois não reclame de dor já que não quer me dizer se está bem ou não.

Ainda assim Harry permaneceu calado. Snape olhou para o relógio em cima da mesinha ao lado da cama e se levantou.

- O banheiro é na porta no fim do corredor. Tome um banho e desça, o diretor chegará em vinte e cinco minutos.

Dizendo isso Snape saiu do quarto fechando a porta e deixando Harry, ainda imóvel na cama, tentando imaginar o motivo de Dumbledore ir até aquele local vê-lo. Parecia que iria descobrir dentro de alguns minutos. Com cuidado levantou-se da cama e tocou os pés no chão gelado sentindo um arrepio subir por sua espinha. Com medo das possíveis dores caminhou devagar até uma janela fechada com cortinas negras e pesadas. Para sua completa surpresa não havia dor em seu caminhar, parecia tudo normal e em seu devido lugar. Suas costelas não ardiam e suas pernas não queimavam. Com um leve sorriso nos lábios, que também não doíam, flexionou os dedinhos dos pés sentindo-os livres e bem. A sensação de estar bem.

Um pouquinho melhor em seu humor, pegou o tecido da janela e a abriu permitindo que a luz de um sol fraco da tarde entrasse no ambiente iluminando-o e deixando que Harry percebesse o quanto aquele quarto era bonito e aconchegante, apesar de ser simples. Havia ali apenas uma cama grande, um guarda roupas velho e uma mesinha com um vaso de flores sem flores. Deveria ser deprimente, mas dava a Harry uma sensação gostosa de bem estar. Afastando o olhar daquele quarto, viu que a paisagem do lado de fora não era lá essas coisas. Havia um rio estreito e sujo, diversas casas pequenas e iguais em seus tons decadentes, e pessoas depressivas que mal apareciam na rua. Não era uma vista agradável, parecia que os olhares dos moradores eram completamente nublados. Um homem estava atravessando a rua em direção ao rio, no meio do caminho ele se virou e olhou diretamente para Harry com olhos brancos da cegueira, mas que transmitiam um terror que arrepiou a nuca do grifinório. Parecia que aquele homem estava lendo sua alma.

Harry se afastou da janela e voltou a fechar a cortina escura, olhou para o relógio. Faltavam vinte minutos para as cinco. Cinco minutos haviam se passado, era melhor tomar seu banho logo e se preparar para esperar o diretor. Talvez ele fosse lhe dizer que iria ficar na Toca ou então ir para Hogwarts. Sorriu pensando nessas possibilidades. Ainda com a expectativa de ser enviado para uma de suas casas amadas podendo reencontrar seus amigos Harry saiu do quarto e se encontrou em um corredor escuro com três portas. Duas delas eram de frente uma com a outra e a última era no final do corredor. Apesar de sentir uma enorme vontade de entrar em uma daquelas portas e saber o que ali tinha, continuou caminhando até o final onde entrou em um amplo banheiro.

Em cima de uma cadeira tinham roupas limpas. Ao chegar perto para verificar se eram de seu tamanho, percebeu que aquelas eram suas próprias roupas. Roupas que tinha certeza estarem em seu guarda roupas na casa de seus tios. Franziu a testa tentando imaginar como aquelas roupas foram parar ali, não conseguia imaginar Snape indo ao seu quarto buscar seus pertences. Não. Provavelmente eram só algumas roupas configuradas que pareciam demais com as suas. Eram idênticas. Perto do chuveiro tinha uma toalha branca e um chinelo. Sem querer pensar muito entrou no chuveiro e tomou um refrescante banho com água morna que relaxou seus músculos tensos pelas horas deitado naquela cama. Ao sair, enxugou seus cabelos deixando-os mais revoltados e se olhou no espelho.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora