O verdadeiro Dumbledore

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Capítulo 45 – O verdadeiro Dumbledore

O tempo não parou como deveria, o ar não congelou como sempre se imagina que acontece em um momento como aquele. Pelo contrário, tudo continuou a acontecer, nada parou, os comensais foram embora levando Draco junto a si, o loiro saiu daquele lugar, sumiu de onde acabara de cometer homicídio e Harry ficou onde estava. Apenas ele havia congelado, seu coração batia forte no peito tentando bombear ar para seu corpo, mas não havia ar para entrar, o menino não podia respirar, não quando o velho não podia também. Era errado, a mínima ideia de deixar seu corpo fazer o ato de inspirar e expirar, como qualquer ser faz naturalmente, lhe dava a ideia de violação de algo que nem mesmo ele entendia. Só entendia que Dumbledore acabara de morrer na sua frente e que o mundo continuava a girar.

O ar finalmente entrou fazendo arder a garganta e queimar o peito quando o torpor o abandonou, deixando-o naquele chão para ser preenchido pela fúria do luto. Sem pensar correu pelas escadas, tinha que achá-los e matá-los. Seus olhos estavam cegos para qualquer um dos amigos por onde passara, talvez fosse Neville deitado no chão cheio de sangue, não interessava, ele tinha que correr, tinha que alcançá-los. Matá-los-ia todos, um por um, a começar por Bellatrix, faria aquele sorriso presunçoso abandonar seu rosto e então por último, colocaria a varinha no peito de Draco, olharia em seus olhos cinza e vazios e o deixaria ver como o sonserino conseguiu destruí-lo, matá-lo aos poucos de uma forma que jamais conseguiria imaginar ser possível nem mesmo em seus piores pesadelos. O faria ver que apesar de odiá-lo, ainda o amava e por esse motivo o estava matando. Faria isso.

As lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e gelar sua pele, eram assassinas como o seu causador. A visão estava embaçada e ainda assim ele continuou, pois não haveria força no mundo capaz de detê-lo, ainda mais agora que via sua silhueta no jardim, os cabelos loiros balançando enquanto corria. Um grito rouco rasgou sua garganta chamando-o pelo nome e a dor foi recompensada por Draco ter parado de correr e olhado para si. Era só correr mais e alcançá-lo e então poderia matá-lo, nada o deteria, nada, exceto...

- Harry, não! – Mãos fortes o agarraram impedindo-o de continuar correndo. Viu com raiva o comensal loiro dar-lhe as costas e continuar a correr, logo estariam nos portões de Hogwarts e depois sumiriam, Draco iria para algum lugar onde não poderia alcançá-lo. – Não, não pode ir. Eu não vou te largar, pare de tentar fugir, eles já foram, não pode mais alcançá-los.

- Por que me impediu? – Perguntou Harry gritando. – POR QUE?

- Por que você é meu filho e tenho que impedi-lo de fazer a maior besteira da sua vida.

- Matar Draco não seria errado, ele é um assassino, isso seria certo. Me largue.

- Não entende Harry? Não consegue prever o que acontecerá com você se um dia Draco se for, ainda mais pelas suas mãos? – Snape não prendia Harry com força, meramente o segurava. – Acredite em mim, você não se sentirá melhor, pelo contrário, cada segundo da sua vida arderá mais do que brasas em um incêndio. Cada respiro servirá apenas para que se lembre que ele não está vivo e que a culpa é somente sua. Não haverá mais luz que consiga te iluminar, você irá mergulhar em puro ódio e nojo de si mesmo. Desejará estar morto cada vez que abrir seus olhos de manhã. – A voz dele trazia uma verdade tão intensa que Harry se perguntou se Snape já sentira aquilo antes, até que se lembrou de uma conversa que tiveram há alguns meses.

- Era assim que você se sentia quanto à morte da minha mãe?

Snape soltou os braços de Harry e deixou os seus próprios caírem, seus olhos intensos perdiam aos poucos o brilho da ansiedade pelos recentes acontecimentos, começaram a ficar nebulosos e vazios como se uma cortina fosse posta sobre eles.

Traiçoeiros Sentimentos (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora