Capítulo 8

239 15 0
                                    

Benjamin

No dia seguinte estou muito puto para fazer interações sociais, então não falo com ninguém na faculdade. Quando encontro Olivia e Angel em um dos corredores na troca de aula, reviro os olhos para elas, mas passo o resto do período pensando no sorriso que Angel me deu e por um segundo isso me acalma. Apenas por um segundo. No caminho de volta pra casa, Hurt está tocando. Agora essa música não é mais a minha música favorita do Johnny Cash, ela é só uma memória de Angel e isso faz com que eu queira jogar o rádio para fora do carro e destruí-lo. Essa garota estragou o Johnny Cash pra mim. Quando chego em casa, não falo com ninguém também e o fato de a minha mãe achar isso normal me deixa triste, mas isso só dura algumas horas porque depois eu fico puto de novo.
Quando acordo de manhã, não quero ir para a aula, mas faço isso para evitar o sermão da minha mãe. Eu não sou mais uma criança, mas eu ainda moro na casa dela, então na maioria das vezes faço o que ela pede.
O dia é mais tranquilo e as quatro aulas passam rápido. Antes de sair do campus, encontro Lucas e Eric na cafeteria.

— Eae amorzinho. — Lucas fala, já me fazendo revirar os olhos.

— Tá mais calmo hoje, bem? — Eric me lança um risinho debochado. Se ele tivesse amor a vida não faria isso.

— Por que vocês dois não calam a boca? — falo grosseiro. Podia ser pior, eu podia fazer eles calarem a boca usando força.

— Pelo visto, ele ainda tá bravinho. — Lucas testa novamente a minha paciência.

— Acho que ele tá precisando transar, não acha? — Eric se vira para ele, claramente me avacalhando.

— Tem razão, talvez eu ligue pra sua irmã hoje pra ver se ela está disponível.

Os olhos de Eric me fulminam e eu dou risada. Ele sabe que eu transo com a Ashley desde o ano passado, mas prefere fingir que isso não acontece. Eu não o julgo, se eu tivesse uma irmã e ela transasse com um cara como eu, eu também iria preferir fingir demência.

— Idiota. — ele fala, depois que o seu olhar de ódio some.

— Então... Quando vai ser o próximo ensaio? — Lucas diz numa tentativa de amenizar o clima do lugar. Se eles não tivessem me provocado, tudo estaria bem.

— Acho que na sexta. — Eric ainda está emburrado.

— Por mim tudo bem. — falo.

— Pode ser, mas na sexta vai ter uma puta festa na república e eu não vou perder. Então a gente tem que ensaiar antes das sete. — Lucas fala. Começo a imaginar ele bêbado e eu tendo que bancar a babá de novo. Tenho vontade de jogar a mesa longe. — Estou pensando em chamar a Angel para ver o nosso ensaio. — ele continua, depois que Eric concorda com o horário do ensaio e eu dou de ombros.

— Nem fudendo. — falo quase imediatamente e os dois me olham confusos.

— Por quê? — Lucas pergunta.

— Porque não. É um ensaio, não um show. A gente não precisa de público. — Estou disposto a brigar por isso.

— A Olivia e a Ashley assistem todos os nossos ensaios. — ele argumenta.

— Não porque eu quero, eu sempre disse que por mim elas não estariam lá. — Estou perto de começar a gritar.

— Cara, qual o problema dela assitir aos nossos ensaios? — Eric finalmente fala alguma coisa, mas eu preferia que ele tivesse ficado quieto.

— O problema é que eu não quero. Qual a fixação de vocês com essa garota, afinal? — pergunto histérico, sabendo exatamente qual a resposta para a minha pergunta.

— Cara, você já olhou pra bunda dela? Os peitos? — Lucas parece indignado quando fala, como se o que eu perguntei fosse óbvio.

— Só um cego não iria notar. — Eric completa com um sorriso pra lá de malicioso. Tenho certeza que ele está imaginando Angel pelada e isso me irrita.

Ela é tão linda quanto o mais lindo dos pecados. A forma como ela pisca mais rápido quando sorri ou como o seu cabelo cai pelos seus ombros perfeitamente, sem que ela precise se esforçar. Mas tudo o que esses idiotas conseguem ver são os seus peitos.

— Vocês são dois escrotos. — rosno.

— Há uma semana atrás você iria ter concordado com a gente e não teria visto problema na Angel assistindo nossos ensaios. — Eric fala e o fato de ele ter razão faz com que eu cerre meu punho.

— É cara, o que aconteceu? — Lucas pergunta me encarando.

— Porra nenhuma, eu só não quero ela lá! — Dessa vez eu grito, mas eles não estão olhando para mim. Então me viro para trás e sinto meu corpo ficar tenso quando vejo a silhueta perfeita de Angel vindo na nossa direção, acompanhada de Olivia.

Antes que elas possam chegar à mesa me levanto e vou embora. Novamente lá estava eu, fazendo observações dignas de um homem louco sobre Angel. Eu não deveria saber como é a forma que ela pisca ou como o cabelo dela fica. E muito menos deveria pensar merdas como "ela é tão linda quanto o mais lindo dos pecados". Que porra é essa?
São essas coisas que me deixam irritado e que me fazem odiar tanto essa garota. Ou será que eu estou... Não! Eu me recuso a pensar que estou apaixonado por ela. Isso é totalmente inadmissível, eu mal a conheço. E a palavra apaixonar não tem muito a ver comigo. Ainda assim quando chego em casa, tudo o que consigo pensar é em Angel em cima de um palco, cantando uma música que eu sempre odiei, mas que pareceu tão linda na voz dela.
Na quinta feira, eu vou à praia depois que as minhas aulas acabam. E em frente ao mar, decido que a forma como eu tenho lidado com Angel é exagerada. Eu não estou apaixonado por ela, eu apenas sinto uma atração por ela, da mesma forma que Lucas e Eric sentem. Eu não preciso surtar por causa disso, eu já senti atrações por muitas mulheres e assim que eu consegui o que queria isso acabou. Eu provavelmente não vou transar com Angel, porque está na cara que ela é virgem
— não que isso fosse me impedir — e eu não estou disposto a passar por todo o trabalho de conseguir comer ela. Geralmente eu não preciso me esforçar muito para transar, nem mesmo com as virgens, mas Angel parece ser do tipo que precisa confiar para se entregar e isso me faz revirar os olhos.

O MEU SONHO MAIS SELVAGEM Onde histórias criam vida. Descubra agora