Capítulo 58

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Angel

Nos últimos 13 dias, sempre que o  despertador tocava uma onde de pânico atravessava o meu corpo, como se um desastre estivesse prestes a acontecer. Então, quando eu me dava conta o desastre já tinha acontecido. O desastre era a minha vida. Mas hoje não. Hoje quando abri os olhos sabia que tudo estava em seu devido lugar. Benjamin está deitado ao meu lado com os braços ao redor da minha cintura, dormindo como um bebê e sem intenções de me soltar. Tenho certeza de que ele não quer que eu vá a lugar nenhum, ou pelo menos foi isso o que repetiu a madrugada inteira.

Nós conversamos sobre tudo. Depois de algumas horas já não tinham mais lágrimas para chorar, ou desculpas para serem aceitas. Eu o amo e eu o perdoeei. Fiz a escolha certa? Não tenho a menor ideia, mas o fato de eu ter acordado para um novo dia sem a mesma maldita vontade de chorar, me mostra que talvez sim. Eu contei para ele sobre o meu novo emprego e sobre como estou juntando dinheiro para conseguir manter esse dormitório sozinha. Benjamin disse várias vezes que alugaria um apartamento só para morarmos juntos, e devo admitir que a ideia me fez ficar nas nuvens, mas levando em conta os últimos acontecimentos achei melhor seguir o meu lado racional – enquanto ele ainda existe. Benjamin me falou sobre o seu avô e sobre como ele se recusou a fazer um tratamento para câncer. Eu não tinha ideia de como consolá-lo, mas ele parecia já estar conformado. Bom, a maior parte dele está.

Eu tive que lidar com um buraco no meu peito durante 13 dias que pareceram eternos, mas uma madrugada com Benjamin foi o suficiente para consertar esse e todos os outros.


Quando o segundo alarme toca tenho que fazer uma acrobacia para conseguir me desvencilhar de Benjamin e levantar da cama.


— Não me deixa, por favor. — ele resmunga, tão dramático quanto isso soa.


— A gente precisa ir pra aula.


Benjamin levanta a cabeça para me olhar, fazendo uma careta por causa da luz forte no quarto. Um sorriso bobo aparece nos seus lábios, assim que os seus olhos percorrem os meus seios marcados pelo frio da manhã.

— Senti falta deles. — Ele apoia a cabeça com a mão, passando a língua nos lábios. Ah, minha nossa!


— Eu não senti falta desse seu olhar perverso. — Pego um dos travesseiros na cama de Olivia e o arremesso contra ele para distrair a minha cabeça daqueles lábios tão... Ugh perfeitos. Não funciona, Benjamin o pega antes mesmo que alcance o seu rosto.


— Vem cá. — Ele bate a mão na cama, me fazendo um convite digno de perdição.


— A gente tem que ir pra aula. — Me seguro à cama de Olivia para impedir que o meu corpo corra até Benjamin. Não sei por quanto isso vai durar.


— A gente perdeu 13 dias. Eu acho que a aula pode esperar hoje. — Seguro mais forte, porque aparentemente a persuasão de Benjamin tem um poder sobre mim maior do que eu imaginava. — Ah qual é, anjo! Eu preciso desesperadamente de uma dose disso tudo — Ele gesticula com as mãos, apontando para mim da cabeça aos pés. Meu corpo poderia ter reagido de uma forma normal – como qualquer pessoa reagiria na minha situação – e ficado excitado, mas não. Meu corpo escolheu ficar vermelho como a droga de um tomate. — Ah porra, como eu senti falta disso. — Benjamin se levanta e vem na minha direção. Não tenho tempo de pensar em nada quando ele chega tão perto que posso sentir a sua respiração, mas quando ele me beija penso em muitas maneiras de tirar a sua roupa. Enfio os meus dedos no cabelo de Benjamin e os seguro com força, é a minha forma de tentar conseguir qualquer tipo de autocontrole enquanto ele esfrega a sua pelve contra a minha.

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