Capítulo 41

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Benjamin

Cinco minutos dirigindo em silêncio parecem cinco anos nesse momento. Eu deveria aumentar o rádio e fingir que está tudo bem. Eu deveria levar Angel para o dormitório. Mas eu também deveria ser capaz de viver a minha vida sem ter que ficar pensando nela vinte e quatro horas por dia, então que se foda.

— Você está com fome? — Finalmente quebro o silêncio, que ironicamente é ensurdecedor quando se trata de Angel.

— Não. — Ela não olha para mim quando responde e algo me diz que está mentindo. Tudo bem, eu já entendi, ela quer ir embora. Pois eu sinto muito por isso. Eu não vou levar ela embora. Eu passei o dia inteiro pensando no que Angel queria e no que seria melhor para ela. Eu me permito ser egoísta agora, e por isso viro a rua errada de propósito. Esse caminho vai demorar pelo menos quarenta minutos para chegar no dormitório, e isso significa que eu tenho mais tempo com Angel. Não me importo se ela nem sequer está olhando para mim, a sua presença é o suficiente, sempre é. Batuco os dedos no volante ao ritmo da música. Depois de mais alguns minutos e três suspiros bem fundos de Angel, percebo que estou desesperado pela sua atenção. Abro as janelas do carro, forçando ela a desencostar a sua cabeça.

— Ei! — Ela me olha brava. Provocá-la é o meu passatempo preferido.

— Você precisa de um pouco de ar fresco. — sorrio atiçando-a, isso parece sempre funcionar. Ela se vira para frente e cruza os braços, com um biquinho emburrado e adorável. Por Deus, eu quero beijá-la!

Percebo os seus olhos confusos e encarando ao redor.
— Que caminho é esse? — ela pergunta. Angel deveria estar extremamente distraída enquanto olhava pela janela para só ter percebido que estamos no caminho errado agora, e eu mataria só para saber que tipos de pensamentos estavam a distraindo.

— Eu virei uma curva errada. — respondo. Bem, não é uma mentira, eu realmente virei uma curva errada, só não vou contar para ela a parte em que eu fiz isso de propósito.

Ah, que ótimo. — Ela joga a cabeça para trás incrédula. Tenho que me segurar para não rir. — Além de pertubar o meu descanso, você também vai me prender nesse carro por mais o quê? Quarenta minutos? Uma hora? — Os seus olhos me fitam com irritação e a sua mão está pairando no ar como se dissesse "Parabéns Benjamin!" com muita ironia e deboche.

— É, mais ou menos isso. — Dou de ombros só para vê-la enlouquecer. Será que ela vai me bater? Espero que sim.

Angel arregala os olhos de uma forma que até poderia ser assustadora se ela não fosse tão adorável, e apesar de eu ter certeza de que essa é a sua vontade, ela não me bate. Azar o meu.
— Eu acho que tenho o direito de escolher a música depois dessa afronta. — Ela entorta a boca de uma forma petulante e começa a mexer no rádio, bagunçando todas as playlists que eu demorei horas para fazer. Está tudo bem, ela pode fazer o que quiser com esse carro. Se ela me pedisse para ficar com ele, eu até consideraria a ideia dependendo dos seus motivos. Se bem que se estou sendo franco, ela não precisaria de motivos incríveis para ter o meu carro, eu o daria de bom gosto. Mas pensando melhor, se ela tivesse um carro não ia mais precisar de mim para levá-la nos lugares. É, talvez eu não o daria de tão bom gosto assim...
Entro na parte mais agitada da cidade. O trânsito provavelmente vai me dar mais algum tempo com Angel, mas ela está ocupada demais ouvindo Taylor Swift para perceber ou reclamar sobre isso. Ainda bem que eu não sou nenhum louco obcecado que pretende sequestrá-la. Bom, talvez eu seja um louco obcecado por ela, mas as minhas intenções são boas, posso garantir.

— Aquilo é um parque de diversão? — Angel pergunta parecendo totalmente extasiada com o que está diante dela. Cerro os olhos e vejo que um pouco mais a frente está o maior parque da cidade. Gigantesco e cheio de cores vivas. Vivas até demais...

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