Capítulo 2

350 29 3
                                    

Benjamin

Estaciono o carro no meio do campus e fico ali dentro, observando a mesma coisa de todos os anos. Pais e filhos se despedindo e chorando histericamente como se nunca mais fossem se ver. Garotinhas com sonhos, que pensam que a faculdade vai ser como uma nova vida para elas. E os olhares infelizes daqueles que não queriam estar aqui. Acendo um cigarro e admiro a paisagem do campus que apesar de tudo, nunca deixou de ser belíssima para mim. Um soco no capô do carro me desperta.

— Eae mané!
É Lucas. Conheci ele ano passado e demorou um tempo para que eu me acostumasse com o seu jeito barulhento, mas agora considero ele um dos meus melhores amigos.
— Cara, por que você não tira essa merda dessa jaqueta de couro? Já te falei que você tá mais branco que neve, tá precisando tomar um sol. — Ele começa com a sua pertubação diária.

— Cala a boca. — Reviro os olhos e saio do carro.

— Não, não, não. Parece que você não me escuta. — As expressões que ele faz enquanto fala quase me fazem rir, mas eu mantenho a minha pose de durão.
— Precisa de melanina. Tá entendendo? Me-la-ni-na. Que nem o pai aqui tem. — Ele sorri com orgulho, batendo a mão no peito.

Seguro a cabeça dele e começo a esfregar minha mão nela, enquanto ele tenta inutilmente se soltar. Lucas é tão forte quanto eu, mas sou uns dez centímetros mais alto que ele e uso isso como vantagem.

— Me solta, seu desgramado! Me solta!
— ele grita e as pessoas no campus olham para nós dois. Quando eu o solto, quase caio no chão de tanto rir.

Depois de alguns minutos em que Lucas reclamou sem parar e eu dei risada de cada uma de suas reclamações, nós dois vamos até a recepção.

— Ano novo, garotas novas. — ele fala, esfregando as mãos como se estivesse tramando algo. — Eu vou ajudar cada uma dessas gatinhas e se tudo de certo vou pegar o número de todas. — Reviro os olhos.

— Vai ajudar elas com o que exatamente? — pergunto, vendo até onde o cérebro minúsculo do Lucas vai.

— A carregar as malas. Ver os horários. Achar os seus quartos, sei lá, qualquer coisa.

— Porra, você deve estar muito desesperado pra transar. — falo e ele me dá um soco no braço que dói, mas não o suficiente para que eu faça uma careta.

— Bom, eu vou indo. Me espera aí. — ele avisa e me dá as costas.

— Não demora muito, hein. Daqui a pouco a Ashley e o Eric vão chegar! — grito para ele, que só faz um sinal de jóia como resposta.

Acendo mais um cigarro e me apoio no carro de uma professora que eu transei há um ano atrás. Sorrio me lembrando do ocorrido. Era escondido e por isso era divertido. Mas não demorou muito para que eu me cansasse. Ela ainda me olha como se quisesse me dar, mas não a julgo. É assim que todas as mulheres olham para mim. Aparentemente um estilo "bad boy" — como elas costumam dizer que eu tenho — atrai muito as mulheres, mas esse nem o motivo de eu usar as roupas que uso, na realidade ter várias mulheres no meu pé foi uma  consequência disso — uma muito boa por sinal. Já perdi as contas de quantas garotas escolheram a mim ao invés do garoto certinho. Se eu tivesse que dar uma opinião, eu diria que elas são um bando de tontas por fazerem isso, até porque eu deixo bem claro as minhas intenções, mas não que eu esteja reclamando, até porquê no final disso tudo eu quem saio ganhando.
O meu celular toca e eu saio dos meus pensamentos.

— Alô? — falo.

— Vocês já estão no campus? — Eric fala do outro lado da linha.

— Sim, o Lucas está na recepção e eu estou esperando vocês aqui fora.

O MEU SONHO MAIS SELVAGEM Onde histórias criam vida. Descubra agora