Angel
Não há nada mais bonito do que uma cidade às três horas da manhã. As ruas vazias e o vento frio me ajudam com as lágrimas, elas estão quase secando. Eu estaria com medo se o silêncio não fosse tão reconfortante. Ele pediu desculpas, mas tenho absoluta certeza de que só fez isso porque ficou com pena de mim. Eu não teria palavras para descrever o ódio que me consumiu quando olhei para ele e o desejei ardentemente. O ser humano mais imbecil que já conheci. O garoto que me fez chorar por duas horas seguidas e que provavelmente vai continuar sendo o motivo das minhas lágrimas pelo resto do final de semana. E eu o desejei. Estou com raiva de mim mesma. Acho que no final de tudo, a imbecil dessa história sou eu, porque mesmo depois do choro parar, eu ainda o desejo. Como nunca desejei ninguém e não consigo imaginar o dia em que vou, mas prefiro acreditar que isso se deve a minha falta de experiência com homens. Nós nunca poderíamos ficar juntos e mesmo se pudéssemos, não é isso o que ele quer. Essa é a parte que mais me destrói e isso vai muito além do meu ego ferido. O fato de que Benjamin não sente por mim nem um por cento do que eu sinto por ele, arde o meu peito. É avassalador e me faz querer chorar de novo. Quando finalmente chego no dormitório, checo o meu celular e vejo que tenho cinco chamadas perdidas de Olivia. Oh, agora ela quer saber de mim? Tiro as minhas roupas, me aconchego na cama e só então retorno as suas ligações.
— Angel onde você tá? — ela grita antes mesmo de eu ser capaz de falar qualquer coisa. — Você está bem? Cadê você? Por que foi embora?
— Eu estou bem! — a interrompo quando percebo que ela não pretende parar com o interrogatório tão cedo. — Já cheguei no dormitório e já estou pronta para dormir.
— Graças a Deus... — ela fala aliviada e então continua — Você está louca! Não pode sair andando sozinha pela rua a esse horário, é perigoso! Quer me matar do coração?
Afasto o celular do meu ouvido porque o seu último grito machucou os meus tímpanos.— Me desculpa, é só que você estava... ocupada e eu não quis interromper.
— Não, eu que me desculpo. Mais uma vez me perdi no tempo... e no Eric. — ela solta uma risada contida. Como eu poderia ficar brava com Olivia? Ela só está aproveitando o seu... seja lá o que Eric for dela. Eu adoraria estar transando a noite inteira igual os dois, com certeza deve ser melhor do que chorar a noite inteira.
— Eu vou pedir para o Eric me levar embora e eu passo a noite aí com você. — ela completa. Acho que Benjamin não é o único que sente pena de mim.— Não precisa. Pode ir se divertir.
— Tem certeza? Você vai ficar bem? — É nítido até mesmo pelo telefone que ela espera que eu não concorde com a sua proposta de passar a noite no dormitório. Não vou fazer isso com Olivia, mesmo precisando do colo de uma amiga agora.
— Tenho, eu vou ficar ótima. Só não sou uma pessoa festeira.
Confirmo que vou ficar bem mais uma vez e então Olivia desliga. Apago a luz do quarto pronta para dormir. É inútil. Eu poderia ficar repassando na minha cabeça os inúmeros motivos que tenho para odiar Benjamin, mas tudo o que consigo pensar é naquele abdômen tatuado, aquele maxilar marcado, as veias no braço e a boca... Oh Deus, a boca! Na minha imaginação, Benjamin me pega no colo e me arrasta para a cama. Suas mãos estão no meu cabelo, a sua boca está no meu pescoço. Ele está falando o quanto me quer e eu estou com as pernas em volta da sua cintura. Quando abro os olhos, isso tudo desaparece, como uma fumaça no ar. Sinto a dor avassaladora de novo, então volto a fechar os olhos e imaginar. Acho que é isso, eu vou continuar sonhando com um dia de verão onde ele está ao meu lado.
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O MEU SONHO MAIS SELVAGEM
Romance"Ela tinha sonhos. A vida toda sonhou com príncipes encantados e finais felizes. Ele era alto e mais bonito do que ela podia colocar em palavras. Ela podia ver o fim dos dois antes mesmo de começarem. Ele demorou muito para perceber o privilégio que...