Capítulo 50

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Angel

Conforme o carro faz a curva, Benjamin ainda mantém um sorriso de vencedor no rosto. Não acho que ele tenha percebido o quanto eu estava nervosa, ou como as minhas mãos estavam tremendo ou a forma como eu me assustei com o... tamanho. Parece que eu realmente fiz um bom trabalho.

— Você tem mãos muito macias, sabia? — Benjamin comenta casualmente, sem nem considerar o fato de que agora que o meu fogo se apagou, esse tipo de conversa me faz querer entrar em um buraco bem fundo e não sair jamais.

— O-obrigada. — Me pergunto se as minha bochechas já estão vermelhas como tomates. O reflexo no retrovisor me confirma que ainda não.

— Ah anjo, você é realmente uma peça. — ele ri — Em um minuto está batendo a melhor punheta que eu já recebi e no outro está corada porque eu fiz um elogio safado.

— Benjamin! — Agora elas estão.

— Mas é verdade! — Ele levanta os ombros, como se fosse o dono da razão. Apesar de ser tudo verdade, não vou dar a ele o gostinho de admitir isso.

— Por que você não fica quieto e dirige? — Reviro os olhos.

— Porque eu prefiro te provocar. — O miserável me lança seu risinho perverso, aquele que seria o motivo da minha queda se eu já não estivesse sentada.

— Bom, continua fazendo isso e vou te deixar com um olho roxo. — Essa é provavelmente a ameaça mais sem convicção que alguém já fez, porém, o que vale é a intenção.

— Você sabe que só me deu mais um motivo pra não parar, né? — Benjamin me encara, com o risinho bobo ainda a todo vapor nos seus lábios. Me irritaria muito mais se eu não estivesse com tanta vontade de beijar essa sua bendita boca. De qualquer forma, dou um tapa na sua cabeça, forte o bastante pra ver se o fogo dele se apaga que nem o meu fez há muito tempo atrás. — Hummm — ele geme — Faz de novo.

Eu nunca tinha entendido tão bem a expressão "de queixo caído" até esse momento.
— Meu Deus... — sussurro indignada. — Você é uma causa perdida.

Benjamin começa a rir, enquanto eu finjo me recuperar do choque.

...

É quase impossível ver Anthony no meio das outras crianças devido ao seu tamanho, mas não demora muito até olhinhos verdes e cabelinhos ruivos aparecerem no meu campo de visão. Benjamin desce do carro e vai ao seu encontro, provavelmente para evitar que ele fique procurando pelos pais que hoje não vão aparecer. A cena dele andando ao lado de uma criança que é a sua cópia fiel me faz pensar coisas que eu não deveria sequer ousar, nem mesmo vislumbrar, mas minha nossa, eu quero que ele seja o pai dos meus filhos!

— Mas por que eles não puderam vir hoje? — Escuto Anthony perguntar quando os dois se aproximam do carro.

— Eu não sei.

— O que eles foram fazer?

— Eu não sei. — Benjamin respira fundo para responder essa.

— Por que você não sabe? — Anthony tenta acompanhar os passos rápidos do irmão.

— Por que eu...

Antes que Benjamin consiga gritar, o interrompo:
— Oi, Anthony. — E abro a porta do carro para que o pequeno consiga me ver.

Por alguns segundos, ele me encara como se estivesse olhando para uma miragem.
— Angel! — Quando se dá conta de que sou real, vem correndo me abraçar. Me pergunto qual foi a diferença tão significativa na criação dos dois, que fez Anthony ser tão amoroso e Benjamin ser tão... Benjamin.

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