Capítulo 12

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Benjamin

No dia seguinte, acordo mais cedo do que pretendia. E meu humor ainda não melhorou.

— Bom dia! — Minha mãe fala quando eu entro na cozinha. Ela está radiante. São oito horas da manhã, porque ela está radiante?
Não respondo. — Por que você está tão rabugento ultimamente? — Ela coloca café na mesa, me olhando com as sombrancelhas levantadas.

— Eu não estou. — respondo, decidindo se vou ou não comer alguma coisa.

— Está sim. — Meu pai surge das cinzas atrás de mim.

— Você também reparou? — ela pergunta para ele, que concorda com a cabeça como se eu não estivesse vendo tudo. Reviro os olhos.

— Às vezes eu tenho vontade de morar sozinho. — A minha voz sai quase como um cochicho.

— Não fale isso! — Minha mãe me dá um tapa na cabeça.

— Aí! — reclamo, passando a mão aonde ela bateu.

— Você vai sempre morar comigo, é o meu bebê. — Ela beija o mesmo lugar que há um minuto atrás agrediu. Meu pai saboreia o seu pão rindo da cena.

— Seu bebê é o Anthony. Eu já tenho vinte anos, Sierra. — Ela entorta a boca quando a chamo pelo seu nome.

— Você vai continuar sendo o meu bebê, mesmo quando tiver quarenta anos e estiver casado e com filhos. — Dessa vez sou eu quem entorta a boca. — E não me chame pelo meu nome. — ela avisa, me dando outro tapa, só que dessa vez fraco.

— Acho que essa parte de casar e ter filhos vai ter que ficar com o Anthony. — Estremeço só de pensar na ideia de casamento.

— Nem pensar! Vocês dois vão me dar netos. — ela grita.

— Eu não contaria com isso se fosse você, até hoje eu nunca namorei ninguém, imagina casar... — Chega a ser engraçado.

— Algum dia você ainda vai queimar a língua, filho. — Meu pai fala. Reviro os olhos de novo. — Eu era igual a você quando era mais novo. Bom, tirando as tatuagens e a banda. — Minha mãe se junta a mesa ao lado dele, eu sei que ela adora quando ele conta essa história. — E aí quando eu completei vinte anos, não tinha intenção nenhuma de me compremeter, até que um dia eu encontrei a mulher mais linda que já tinha visto na minha vida... — Ele olha para ela com os olhos apaixonados, ela faz o mesmo. — E eu sabia que teria que passar o resto dos meus dias ao lado dela. — Ele respira fundo. Ela o beija. Eu reviro os olhos.

Escuto essa mesma história desde que tinha quinze anos. Eles se casaram ainda no mesmo ano, me tiveram e então meu pai finalmente começou a trabalhar na empresa da família. Eu sei que eles se amam, é óbvio. O olhar apaixonado dos dois não mudou em vinte anos de casamento. As fotos espalhadas por toda a casa provam isso. Mas eu não sou assim, não vou me apaixonar e muito menos encontrar a mulher mais linda do mundo e achar que ela é a pessoa com quem eu devo passar o resto dos meus dias, isso é bobagem. Meus pais tiveram sorte de se encontrarem e os tempos eram outros. Atualmente as pessoas são temporárias, assim como os sentimentos. Por isso existe o sexo sem compromisso e as amizades coloridas.

— Eu vou tomar um banho pra me livrar de toda essa melosidade que eu tive que presenciar. — aviso e me levanto. Os dois sorriem e continuam com as carícias.

Tudo o que eu queria era algo para me distrair, porque desde o meu encontro com Angel no jardim, estou pensando demais em coisas que não deveria.
Ela nunca mais vai falar com você. Por que ela estava chorando? Você devia pedir desculpas. Aaaaaa! Eu vou enlouquecer!
Deixo a água escorrer pelo meu corpo e tento clarear meus pensamentos. Se Angel não vai mais falar comigo, problema dela, eu não me importo. Eu não me importo qual era o motivo dela estar chorando. Eu não vou pedir desculpas. Eu não me importo. Repito isso para mim até que eu finalmente entenda, mas algo me diz que essas coisas vão me atormentar mais tarde. Checo o meu telefone e ainda está sem mensagens. Eric provavelmente não vai acordar tão cedo e eu estou aqui sozinho e acordado.
Coloco uma roupa na esperança de que milagrosamente apareça algum lugar para eu ir. Volto para a cozinha, mas só vejo a minha mãe e Anthony sentado a mesa tomando um suco. Meu pai provavelmente foi jogar golf com o meu avô, eles fazem isso todos os sábados. Pararam de me convidar há dois anos atrás, quando finalmente perceberam que eu nunca iria ir.

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