Capítulo 43

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Angel

"Eu te amo, Angel...", Benjamin diz com ternura na voz. Os pássaros fazem um arco em formato de coração ao nosso redor. O meu vestido combina com as tulipas do campo, enquanto o seu terno arcaico lembra o azul do céu.

"Eu também te amo, Benjamin..."
A melodia vinda das árvores douradas soa como algo divino, ancestral e perfeito. Eu sou uma princesa, ele é o príncipe e esse é o meu conto de fadas.

"Oh Angel!", Benjamin suspira. Me jogo nos seus braços. Nos braços do meu príncipe.

"Oh Benjamin!"

"Angel!", ele repete o meu nome, mas dessa vez a sua voz está longe de adoração.
"Angel!", de novo, só que mais alto.
"Angel!", sinto alguém me chacoalhar de forma bruta. É o meu príncipe que está agindo com tanta falta de decoro e decência com a sua amada? Olho para as mãos em meus ombros e... Não. Não tem como elas serem as mãos de Benjamin. Elas são pequenas, delicadas e finas. Não são as mãos do meu príncipe, tenho certeza. Olho para a frente e Benjamin sumiu. Aliás, tudo sumiu. A única coisa que vejo agora é uma imagem embaçada e sem sentido, junto de um barulho maçante.

— Sua vagabunda! — De repente a imagem se torna clara como água. É Olivia. Ela está esbravejando palavras que ainda não fazem sentido para os meus ouvidos, porque o meu corpo está muito ocupado ajustando a minha concepção de realidade. — Você está querendo me matar? Sabe quantas vezes eu te liguei ontem? Sabe quantas mensagens eu mandei? Eu te procurei por todo lugar! Até mesmo na praia, Angel! Você não tem noção de quantas vezes eu chequei esse dormitório pra ver se você já tinha chegado e... — Eu consigo ouvir Olivia perfeitamente agora, apesar de o fato dela estar berrando fazer com que eu queira voltar há cinco segundos atrás, quando eu não conseguia.

— Olivia! — interrompo-a, antes que os meus ouvidos comecem a sangrar. — Sinto muito por te deixar preocupada. — Me sento na cama e encaro o seu olhar como se estivesse procurando por redenção. Acho que de fato estou.
— Sinto mesmo. Eu nunca quis te deixar maluca procurando por mim, mas é que desde aquele aniversário, tudo ficou tão confuso que eu nem sei por onde começar a te explicar.

Olivia me olha ainda irritada, mas se senta ao meu lado como se dissesse que está disposta a me perdoar.
— Que tal pelo começo?

Respiro fundo, sabendo que tenho muita história para contar e muitos momentos dolorosos para recordar.

...

Eu chorei como um bebê quando tive que explicar em detalhes o que aquele homem asqueroso fez comigo no aniversário de Ashley. Apesar de tudo, foi aliviador, como se pela primeira vez desde esses eventos eu finalmente me desse conta de tudo o que ocorreu. Olivia chorou comigo e se desculpou como se tivesse culpa de algo. Ela gritou histericamente como uma adolescente, quando eu contei sobre o que aconteceu entre mim e Benjamin nessa mesma cama em que estamos deitadas. Depois ela o xingou pelo o que ele fez. Ficou confusa quando expliquei o episódio da tatuagem; gritou histericamente de novo, e agora, aqui estamos nós: duas garotinhas olhando para o teto e sorrindo como as tolas apaixonadas que somos. Eu nem sequer percebi que era segunda feira de manhã até o meu despertador tocar.

— Meu Deus! A gente tem aula! — Me levanto da cama em um pulo.

— Acho que vou faltar hoje. — Olivia fala — O Eric não vai ir mesmo, então... — Ela dá de ombros.

— Por que ele não vai ir?

— Ele disse que ia conversar com o Benjamin sobre o que aconteceu sabe... no sábado. — ela explica meio receosa. Acho que sempre vamos nos lembrar do aniversário da Ashley como um assunto que não deve ser tocado, eu pelo menos vou.

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