Benjamin
Angel e eu caminhamos de mãos dadas pelo corredor do dormitório. A mão dela está suada, e algo me diz que isso tem a ver com as inúmeras mensagens que ela mandou para Olivia, avisando que não era pra ela voltar para o dormitório hoje de jeito nenhum; não é que eu seja bisbilhoteiro, é só que Angel é péssima escondendo mensagens de texto.
Quando entro no quarto, sinto uma sensação estranha de familiaridade, como se eu já estivesse estado aqui inúmeras vezes.— Ainda é muito cedo pra te jogar nessa cama e terminar o que eu comecei na areia da praia? — cochicho no ouvido de Angel ao mesmo tempo em que agarro-a pela cintura. Eu sei que esse tipo de coisa enlouquece ela. A sua pele arrepiada nunca deixa isso passar despercebido.
— Co–com certeza. — As palavras dela não saem com convicção nenhuma, e, se depender de mim nem vão.
— Tem certeza? — Dou beijos em seu pescoço, sutis o suficiente para a fazerem quase se desmanchar nos meus braços.
— Be–Benjamin... — A sua voz não passa de um sussurro. E as minhas mãos estão descendo pelo seu corpo, e descendo... e descendo... e... — Eu preciso tomar um banho! — Angel se afasta de mim o mais rápido e distante que consegue. Ela está me olhando como se precisasse ficar longe de mim, como se eu fosse algum tipo de droga e ela fosse uma viciada.
Dou risada e me sento na beirada da sua cama.
— Tá bom. — Ela suspira aliviada e cambaleia um pouco quando anda até o armário, para pegar uma toalha e as suas roupas. Não é a primeira vez que eu vejo as suas pernas falharem logo depois de eu me aproximar um pouco mais do que deveria. — Por acaso você perde o movimento das pernas toda vez que está perto de mim? — pergunto mostrando os dentes, de forma provocativa.Angel arregala os olhos como se eu tivesse descoberto algum segredo. Penso por um segundo que talvez ela vá me dar um tapa, mas Angel apenas sorri e diz:
— Você não tem ideia.Dou um tapa na sua bunda antes que ela saia porta afora, e então deixo o meu corpo desabar na cama. Posso sentir cada membro meu dolorido e me perguntando como é que eu vou conseguir sequer aguentar andar pelo resto da semana, mas valeu a pena. Essa foi a melhor segunda feira da minha vida. Sem preocupações, sem paranóias e sem estresse. Só eu e a garota que eu amo. Tirando a parte em que eu pensei ter atacado Angel naquela areia, foi tudo perfeito. Admito que por um momento eu me senti o homem mais sujo do mundo e até me tachei pior do que aquele verme na festa de Ashley, mas Angel deixou bem claro que foi tudo um mal entendido. Ela não me pediu pra parar porque eu estava forçando algo indesejado; ela me pediu pra parar porque eu estava agindo que nem um adolescente cheio de hormônios bem no meio de uma praia. Agora está tudo bem. Agora eu posso agir que nem um adolescente cheio de hormônios sem me preocupar com alguém nos vendo, e eu vou fazer isso assim que Angel voltar do seu banho. Bem, isso se eu não dormir antes. Olho para o relógio e percebo que já fazem vinte minutos que ela saiu para tomar banho. Por Deus, o que ela está fazendo naquele chuveiro?
Espero mais cinco minutos e quando percebo que Angel não pretende voltar tão cedo, me levanto da cama para evitar dormir até amanhã. Abro o armário pequeno, que fica bem em frente à cama de Angel. A parte da direita só tem coisas da Olivia, enquanto a da esquerda só tem coisas da minha garota. Minha garota... Gostei de como isso soa. Nada de Olivia me interessa, então deixo somente as portas do lado esquerdo abertas. Talvez eu seja de fato um bisbilhoteiro...
O guarda roupa dela tem mais livros do que roupas, mas isso não me surpreende nem um pouco. Avisto Orgulho e Preconceito, e o pego na mão. Folheio o livro sem saber exatamente o que estou procurando, então, em uma página aleatória, encontro uma marcação feita a caneta e com uma régua."Em vão, lutei. Não vai dar. Meus sentimentos não serão reprimidos. Você deve permitir que eu lhe diga com que
ardência eu a amo e admiro.”
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O MEU SONHO MAIS SELVAGEM
Romance"Ela tinha sonhos. A vida toda sonhou com príncipes encantados e finais felizes. Ele era alto e mais bonito do que ela podia colocar em palavras. Ela podia ver o fim dos dois antes mesmo de começarem. Ele demorou muito para perceber o privilégio que...