Angel
Passei o caminho inteiro fingindo concordar com seja lá o que Olívia estivesse falando. Praticamente tive que implorar para sair com ela hoje, porque estava ocupada demais organizando um milhão de coisas para a festa do Eric, mas consegui convencê-la quando disse que, talvez, ela precisasse de algumas roupas novas. Minha cabeça está a mil por hora desde que acordei essa manhã. Agora, estou aqui, a um ponto de parada de distância do shopping, sem ideia alguma de como iniciar uma conversa que eu odiaria ter com qualquer pessoa.
— Ugh, eu odeio o calor infernal dessa cidade. — Olívia reclama assim que descemos do ônibus. Tão pequena, mas tão rabugenta.
— Onde você quer ir primeiro? — pergunto, ainda tentando entender se a minha falta de ar se deve ao calor ou ao meu desespero.
— Eu disse um milhão de vezes no ônibus! Você nem tava prestando atenção, né? — Ela para no meio do caminho, cruzando os braços como uma criança que derrubou o sorvete no chão e não conseguiu outro.
— Me desculpa, eu tô meio distraída hoje. — Distraída, desesperada, desacreditada, e a lista não para por aí.
— Aconteceu alguma coisa? — Ela volta a caminhar normalmente. Nada melhor para acalmá-la como uma fofoca fresquinha.
— Bom... — Imagino alguns cenários na minha cabeça antes de responder, mas
realmente não tem um jeito sutil de iniciar essa conversa. — Eu e o Benjamin, nós dois... — Encaro Olívia, esperando que ela entenda sozinha, porém a parte pervertida da sua mente não parece estar ativa hoje. — A gente tran...— Aí meu Deus! — O seu gritinho agudo e a pausa dramática na entrada do shopping são a prova de que ela finalmente entendeu.
Como se isso já não fosse difícil o suficiente, agora eu tenho uma multidão me encarando.
— Será que dá pra você parar de dar show? — Puxo-a pelo braço, talvez não tão de leve quanto eu pretendia, mas não escuto reclamações.
— Como foi? O Benjamin foi gentil? Já escutei boatos de que ele é meio agressivo na cama, mas...
— Foi bom! — Dessa vez, sou eu quem dá o gritinho agudo. Em minha defesa, eu pude prever as perguntas chegando sem parar. Quando vejo o sorriso no canto dos lábios finos de Olívia, sei que não devo deixar espaços para comentários. — Mas eu posso ter me colocado em uma emboscada.
— Por quê? — Ela pega o caminho para a loja da Calvin Klein e começo a me lembrar da sua voz repetindo esse nome várias vezes no caminho para cá.
— Eu meio que menti pra ele sobre ser virgem. Bem, foi mais uma omissão do que uma mentira, mas mesmo assim. — Quase de imediato, o meu coração dispara e minhas mãos começam a suar. A sensação de culpa queima no peito, literalmente.
— Como assim mentiu? Você não era virgem? — Olívia continua andando, prestando muito mais atenção nas peças de roupa do que no que estou falando.
— Não...
— O quê? — Ela se segura em um dos manequins quase levando ele e o resto da fileira para o chão.
E mais uma vez, toda a atenção está voltada para nós.
— Desculpa. — falo para a atendente da loja que parece estar prestes a chamar o gerente. — Vem aqui. — Praticamente arrasto Olívia para fora da loja e entro na primeira porta que encontro, acabo em um banheiro vazio e fedorento. — O que tá acontecendo com você hoje? — indago histérica. Esse dia já estava ruim o suficiente sem Olívia nos tornando o centro das atenções por onde quer que passamos.
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O MEU SONHO MAIS SELVAGEM
Любовные романы"Ela tinha sonhos. A vida toda sonhou com príncipes encantados e finais felizes. Ele era alto e mais bonito do que ela podia colocar em palavras. Ela podia ver o fim dos dois antes mesmo de começarem. Ele demorou muito para perceber o privilégio que...