Capítulo 53

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Benjamin

Eu sei, eu nunca deveria ter dito adeus, mas talvez seja isso o que as pessoas estúpidas fazem. Se ajuda na minha sentença – seja lá quem estiver me escutando agora –, saiba que eu morri um pouco por dentro quando tive que deixar Angel essa manhã. E mais um pouco quando ela disse que me amava e eu não pude ir correndo para o seus braços.

Essa culpa pertence somente a mim? Com certeza. Mas em minha defesa, nada nunca me preparou para o privilégio que seria ter Angel me amando. Então me diga, como alguém pôde um dia acreditar que eu saberia como amar essa garota? Eu não sei e nunca vou saber. A única coisa que eu queria agora era que uma pessoa me mostrasse uma forma de respirar sem sentir dor, ou então, alguma maneira de apagar os últimos dias da minha mente. Apagar ela da minha mente.

Porque sim, eu estraguei tudo. E sim, agora que ela se foi, tudo o que eu  escuto são as palavras que precisava dizer. E não, eu não consigo esquecê-la por tempo suficiente. E não, as rachaduras não vão se consertar e as cicatrizes não irão desaparecer.

Acabou. Mas era isso o que você queria, não era? Talvez se eu continuar repetindo que sim, meu coração comece a acreditar.

Pego um dos troféus de Lucas na prateleira e o arremesso contra a parede. Ele não vai ficar nada feliz quando descobrir, mas era isso ou o notebook em cima da cama. Será que ela ainda está aqui? Já faz uma hora que eu a fiz chorar que nem um maldito filho da puta, mas será que ainda existe a chance de ela estar lá embaixo? Esperando por mim? Não. Agora eu só estou querendo me iludir. Mas quem sabe se eu for atrás dela ainda dê tempo... Não! Acabou. É isso, acabou. Você disse para si mesmo que ia acabar e agora acabou, então sossega! Eu não vou ir atrás de Angel. Quanto mais eu falo, mais a minha cabeça parece não entender. Eu não vou ir atrás dela; eu não vou ir atrás dela; eu não vou ir atrás dela; eu não vou... Ah, que se foda.

Abro a porta sem olhar para trás e desço as escadas como se a minha vida dependesse disso. Eu vou reconquistar a minha garota.


Talvez o fato da república estar parecendo a porra de um formigueiro, seja um sinal de que eu deva voltar para o quarto e continuar com o meu plano de fazer Angel esquecer que um dia eu estive em sua vida, mas as minhas pernas se recusam a fazer isso. Avisto Olivia e Ashley no meio da multidão, dançando como duas minhocas e corro até elas tentando o meu melhor para não socar quem está no meu caminho.


— Olivia! — grito, mas acabo tendo que chacoalhar ela para ter a sua atenção.

— Aí! O que foi? — Olivia se apoia em Ashley para não cair. Só então percebo que as duas estão completamente bêbadas.


— Cadê a Angel?


Elas se entreolham confusas. Eu teria achado graça se não estivesse a ponto de explodir.

— Nossa... É verdade, né? Cadê a Angel? — Ashley repete a minha pergunta, olhando intrigada para Olivia.


— Quando foi que ela sumiu?


Quase sinto o meu coração parar.

— Como assim? — grito de novo, mas dessa vez não tem nada a ver com a música alta.

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