Capítulo 49

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Benjamin

A minha noite foi uma grande mistura de saudade e preocupação. Aparentemente, eu não consigo mais controlar os meus impulsos de querer ficar ao lado de Angel 24 horas por dia. E as circunstâncias caóticas do dia de ontem só deixaram essa missão ainda mais difícil, mas acho que me saí bem. Agora, nesse exato momento, não existe nada além do meu bom senso me impedindo de ir até o seu quarto e esperar até que ela esteja pronta, e nós possamos aproveitar o máximo de tempo juntos até as aulas começarem. Ajudaria muito se alguém estivesse aqui para me distrair com uma conversa, mas eu cheguei cedo demais e nenhum dos idiotas que eu chamo de amigos estão nesse campus. A única pessoa que eu vi foi Ashley, mas ela fez questão de me olhar como se eu fosse um cão sarnento quando passou por mim. Não que eu quisesse falar com essa megéra, ela está ainda mais insuportável depois que eu e Angel começamos a namorar. Pelo visto, a palavra superar não existe no seu vocabulário.
Espero mais alguns minutos intermináveis até a minha garota aparecer, a três metros de distância de mim, tão radiante quanto o sol. É um alívio ver ela sorrindo de novo.

— Bom dia! — Angel diz. Ela está usando uma saia jeans com uma blusa regata, e, se eu ainda estava com sono, agora estou mais acordado que nunca.

— Bom dia — mal termino de dizer e a puxo pela cintura, para beijá-la. Lábios macios, quentes e rosados, sendo devorados pelos meus. Por Deus, todas as coisas que esses lábios poderiam fazer... — Você é muito boa pra ser toda minha. — sussurro no ouvido dela, tentando me lembrar os motivos que me impedem de tirar a sua roupa aqui e agora.

— Be-Benjamin! — Angel se afasta, um pouco ofegante e meio... bamba? — Ainda são oito horas da manhã e nós estamos no meio do campus! — ela me repreende. Ah, então esses eram os motivos...

— Desculpa. — peço. Será que me desculpar por agir como um adolescente cheio de hormônios vai ser uma coisa constante nesse relacionamento? Tudo indica que sim.

— Tudo bem. — ela sorri. — Eu tenho novidades!

— Estou ouvindo. — Seguro a sua mão e começamos a caminhar em direção aos corredores.

— O meu pai me ligou ontem à noite e a gente conversou... ou quase isso, — Ela entorta a boca — enfim, o que importa é que ele me disse que vai continuar pagando pelo dormitório, mas só até o final desse ano. Não resolve todos os meus problemas, mas pelo menos agora eu consigo me organizar muito melhor até o ano que vem, e você não vai mais precisar cuidar de mim.

Mas eu quero cuidar de você!, é o que penso em dizer. Eu não gosto da ideia dela depender do cretino do pai, e apesar de eu entender o porquê de Angel não querer minha ajuda, é uma opção muito melhor do que essa que o maldito ofereceu ontem à noite. Isso não teria acontecido se eu tivesse dormido com ela. Muito obrigada mãe!
Apesar dos meus muitos protestos internos, a minha garota está feliz demais pra eu resolver ser um babaca e estragar isso, então apenas digo:
— Que bom, anjo. — Eu não pretendia sorrir, mas foi inevitável quando ela piscou aqueles olhinhos para mim.

— Você acha que alguns dos lugares onde a gente foi ontem vão me ligar hoje? — ela pergunta.

— Talvez, mas talvez eles demorem alguns dias também. Você tem que ser paciente. — Confiro o relógio e seguro um resmungo ao ver que daqui a cinco minutos vou ter que me separar dela.

— Tá bom. — ela concorda sorrindo. Ah, o sorriso! Todas as coisas que eu faria só para evitar que esse sorriso desapareça de novo...

Caminhamos até a sala de Angel em silêncio. Nós vamos nos encontrar de novo na aula de literatura, mas isso parece ser daqui a uma eternidade. Por isso, a beijo com força antes de ir embora.

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