Capítulo 52

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Angel

Existem apenas duas explicações para o que aconteceu essa noite. Uma delas, me sugere que foi tudo parte de um sonho. Um sonho lindo e masoquista meu. As suas mãos me segurando... Os seus sussurros no meu ouvido. Nada era real. Nenhum resquício sequer que possa me provar que ele esteve aqui comigo, nesse quarto, nessa cama, me abraçando como se o mundo dependesse disso. Como se fosse a nossa última despedida. A única coisa  real nesse momento é uma enxaqueca horrível causada pelas lágrimas incessantes de ontem a noite. Eu acreditaria nessa opção, mas eu não me lembro de ter sonhado. E sim, eu sei, a grande maioria das pessoas não conseguem se lembrar dos seus sonhos, mas eu consigo, eu sempre consegui. Então, isso me leva para a segunda explicação: EU ESTOU LOUCA.

Talvez, todo o resto da minha sanidade tenha ido embora junto com as lágrimas de ontem. Porque, mesmo depois do choro, eu ainda o amo. Porque mesmo depois de sentir como se o meu coração tivesse se partido em mil pedaços, eu ainda o amo. E um amor tão grande assim só pode ser classificado como insano.

Me levanto da cama como se estivesse fazendo força para puxar um caminhão e guardo O Mágico de Oz no meu armário. Mais um livro que foi para a coleção dos meus diários particulares. Não ouso me encarar no espelho e ver essa carcaça podre e moribunda que eu me tornei da noite passada para cá. O relógio me diz que ainda falta uma hora para as minhas aulas começarem, mas tenho certeza de que podem se passar 24 horas e eu não vou estar preparada para sair desse quarto da mesma forma. Será que as universidades dão atestados para corações partidos? Pois elas deveriam começar.

Procrastino na minha cama por mais meia hora, decidindo se choro, se checo o celular pela vigésima vez, esperando por uma mensagem que não vai chegar, ou se decido seguir em frente com a minha vida. A terceira opção faz a minha cabeça latejar, e, quando eu me dou conta de que não vou parar de agonizar tão cedo, procuro por um remédio, mas não encontro nada nos meus pertences. Afinal, enxaquecas eram coisas do passado. Eu não teria dores de cabeça se estivesse longe dos meus pais, não é mesmo? Ah, pequena e inocente Angel.

Mando uma mensagem para Olivia, torcendo para que ela esteja acordada. Recebo uma ligação em resposta.


— Bom diaaaa! — É a primeira coisa que escuto quando atendo telefone. Agora estou a ponto de arrancar a minha cabeça fora.


— Você tem algum remédio pra enxaqueca aqui?


— Nossa... Alguém acordou de mau humor. — ela resmunga.


— Desculpa, é que eu tô com uma dor de cabeça insuportável e preciso muito de um remédio.


— Na primeira gaveta ao lado da minha cama tem um, pode pegar.


— Obrigada. — falo, pronta para desligar e voltar para a minha depressão.


— Aconteceu alguma coisa? — Olivia me impede.


Penso por alguns segundos antes de responder. Agora seria uma boa hora para contar que tudo acabou? O fato de eu nem sequer conseguir falar o nome dele me diz que não.

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