Capítulo 51

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Benjamin

A auto sabotagem, é uma condição psíquica onde o sujeito cria, de forma consciente ou inconsciente, obstáculos e barreiras que o impede de alcançar seus objetivos... Ou de amar alguém como deveria.

Às vezes, eu posso me auto sabotar. Na maior parte do tempo, eu não faço de propósito e só percebo quando já é tarde demais. Mas hoje, eu sabia exatamente o que estava fazendo.

Para sair do estado de auto sabotagem, você deve olhar para o mundo com novos olhos. E isso se torna fácil de fazer, quando a pessoa ao seu lado te mostra uma nova perspectiva sobre todas as coisas que você pensou que já sabia. No entanto, existem coisas que estão fora do nosso controle, seja por uma razão maior que desconhecemos ou simplesmente por um complô do universo, e elas não podem ser revertidas. E quem sabe, depois de tantos anos, eu deveria saber lidar melhor com momentos como esse, mas eu não sei, ou pelo menos não soube quando atendi aquela ligação. "Ele precisou ser internado.", foi o que meus pais disseram. "Ninguém sabe o que vai acontecer." Mas eu sei, porque eu já passei por essa merda antes. Pela primeira vez na minha vida, eu estava experimentando felicidade de verdade, mas é claro que não duraria para sempre. Uma ligação. Só isso e mais nada, para tudo acabar. Não foi justo com Angel, eu sei, mas também não é justo comigo. Eu queria ter dado uma explicação para ela, mas em minha defesa já faz uma hora que estou do lado de fora desse maldito hospital, tentando criar coragem para entrar e enfrentar os fatos. Então não, eu não consegui dar uma explicação para ela e provavelmente nem vou, porque é isso o que eu faço, eu fujo. Ela é a única pessoa que vai me trazer algum tipo de conforto agora, eu sei. Mas ela é também a única pessoa que me faz desmoronar completamente quando chora, e ela estava chorando. Não acho que tenha se dado conta disso, mas estava. E eu não pude fazer nada. E ela não pode fazer nada.

Respiro fundo, tentando pela vigésima vez fazer minhas mãos pararem de tremer, e falhando de novo. Os corredores do hospital parecem o caminho para os portões do inferno, ou pelo menos como eu imagino que ele seja. Paro três vezes para me apoiar em algum lugar, tentando preparar o meu cérebro para o pior. O seu avô está mor...

Não. Não consigo. Talvez, se eu ficar aqui, apoiado nessa cadeira cheia de vírus e bactérias, não se torne real. Contanto que eu não saiba, ele vai estar vivo, não vai?

— Benjamin! — Escuto a voz de meu pai atrás de mim. Agora não tem como fugir.

— Ah, filho. — Minha mãe me abraça. Puta que pariu! Por que ela está me abraçando?

— O que caralhos aconteceu? — grito, me afastando dos seus braços. O fato dela ainda não ter brigado comigo pelo palavrão, mostra que a situação não é nada boa.

— O seu avô desmaiou. — Meu pai começa. — A nossa sorte é que Joseph estava trabalhando hoje e prestou os socorros. Quando ele chegou no hospital, o seu avô estava sofrendo uma arritmia cardíaca e precisou ser internado com urgência.

— Ele está vivo? — É a única coisa que eu preciso saber. É a única coisa que está me impedindo de desabar nesse chão aqui e agora.

— Sim.

Tenho que segurar algumas lágrimas de emoção. Puta que pariu! Como é bom respirar de novo.

— Mas — Não! Não! Não! Sem mas! — Os médicos não vieram até agora nos dar um retorno, o que indica que o estado dele pode ser pior do que imaginamos.

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