Capítulo 21

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Benjamin

— Cara, nunca mais faz isso! — Eric aponta o dedo para mim. Não tenho forças nem para ameaçá-lo pela sua audácia. — Eu estava quase convencendo Olivia a dar o... Bom, você sabe. — ele diz mais calmo do que estava quando eu bati na porta... Ou melhor, quase arrombei a porta do quarto há dez minutos atrás. 

— Você fode com ela desde o ano passado, se não conseguiu isso até agora, não consegue mais.
Confiro mais uma vez Olivia ao telefone no corredor. O que será que Angel está dizendo? Ela está bem? Oh Deus, se alguma coisa tiver acontecido com ela na rua, eu juro que vou... Porra, eu nem sei o que vou fazer.

— Rá rá, engraçadinho. — Eric revira os olhos. — Mas eae, pode me dizer porque esse desespero todo?

— Cara, você não escutou nada do que eu falei pra Olivia?

— Não! Foi mal, mas eu estava muito ocupado colocando a roupa. Sabe como é, a gente não estava esperando por um doido esmurrando a porta e gritando que é uma emergência. Eu jurei que alguém tinha morrido, seu otário. — Ele se irrita de novo, mas não me importo. Eric e Olivia transam o tempo todo, não é uma interrupção que vai atrapalhar esse fogo todo.

— A Angel foi embora da festa sozinha e não sei se você percebeu, mas já são quase quatro horas da manhã e é perigoso pra uma mulher andar sozinha a essa hora na rua.  — Me sento na cama sentindo as minhas pernas perderem a força. Por Deus, eu devia ter obrigado ela a entrar no meu carro!

— Que merda, hein? Mas por que ela foi embora?

Não sei como explicar tudo o que aconteceu. Então decido mentir: 
— Acho que ela só queria ir para casa.
Agora além de um merda, eu também sou um covarde. Filha da puta arrogante!

— Por que você está sem blusa? — ele pergunta, finalmente percebendo. Tento pensar em uma desculpa rápida, mas não é preciso. Olivia entra no quarto antes:
— Ela está bem e já chegou no dormitório.
É como se eu pudesse respirar de novo.

— Pronto, agora vocês podem voltar para a sua festinha particular. — digo indo em direção a porta. Eu não tinha reparado antes devido ao meu desespero, mas o quarto está com um cheiro péssimo e com camisinhas espalhadas pelo chão. Quero sair daqui o mais rápido possível.

— Ben! — Olivia me chama. Olho para ela. — Nunca mais nos interrompa. — ela fala em tom de ameaça. Por incrível que pareça ela pode ser mais amedrontadora que qualquer um dos meus amigos. Reviro os olhos e finalmente saio daquela casa. Eu não precisaria interromper nenhum dos dois, se Olivia se comprometesse a cuidar da sua amiga em vez de ficar agindo que nem a porra de uma ninfomaníaca. Entro no meu carro e pela primeira vez não dirijo a pelo menos cem por hora. Acontece que o cheiro de Angel está impregnado aqui e eu vou dirigir a quinze por hora se for necessário, só para ficar sentindo essa fragrância divina. Com certeza deve ser assim que o paraíso cheira, se não for, é próximo. Mas afinal, o que eu poderia esperar de um anjo, não é mesmo?
Quando chego em casa, subo as escadas em silêncio. Deito na cama esperando encontrar alguma paz mental, mas isso não acontece. Imagens minhas gritando com Angel vão e voltam. Afundo a minha cabeça no travesseiro, para que ninguém escute os meus gritos. Eu não posso obrigar Angel a me perdoar e sei muito bem que não mereço isso, mas vou fazer de tudo para que ela me perdoe. Sei que vai ser muito melhor para ela se decidir que nunca mais vai falar comigo, mas eu não acho que consiga conviver comigo mesmo se ela fizer isso. Então sim, eu vou lutar para ter o seu perdão. E espero que a minha luta seja melhor do que a minha desculpa de merda. Por Deus, o que eu estava pensando?
Adormeço meia hora depois e novamente eu sonho com ela.

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