fazer sobre isso

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O primeiro dia útil daquela semana foi repleto de trabalho para a psicóloga. Além do que já lhe era rotineiro, a loira havia arrumado pra si mesma uma tarefa extra: a transferência do atendimento de Gizelly. Agora, a mulher tinha o dobro do trabalho que teria normalmente naquela segunda feira. O lado positivo é que a loira iria se livrar de uma grande dor de cabeça ao fazer aquilo, então sacrificar seu horário de almoço valeria a pena no final das contas.

O horário de atendimento já havia acabado e Marcela estava sentada em sua mesa, focada nos papéis a sua frente. A psicóloga estava organizando o prontuário da contadora, verificando se faltavam informações e se estava tudo coerente, afinal de contas, não queria entregar nada meia boca para Daniel. O Sol já deixava o céu da capital, e uma caneca de café puro era a fiel escudeira da loira naquele fim de tarde.

Para a surpresa da mulher, que esperava estar apenas em sua própria companhia naquele momento, Marcela ouve batidas na porta de seu consultório. A loira olha o próprio relógio, confirmando que seu horário de trabalho havia acabado, e estranha mais ainda as batidas inesperadas. Com uma sobrancelha arqueada e pouca paciência para lidar com pacientes naquele momento, a psicóloga se levanta e vai até a porta, ajeitando o jaleco e o óculos no caminho.

— Oi. — Diz Gizelly com um sorriso tímido assim que a loira abre a porta.

Como num passe de mágica, o semblante de poucos amigos da loira se converte num leve sorriso assim que vê a morena.

— Oi! Não te esperava ver aqui hoje. — Marcela fala meio sem jeito.

— Eu tava passando por aqui e, como vi as luzes acesas, decidi parar pra dizer oi. — A morena fala dando de ombros.

Gizelly mentia descaradamente. Ela não estava apenas passando por ali, até porque o consultório não ficava na rota de seu trabalho até sua casa, e muito menos havia decidido parar apenas pra dizer oi. A verdade é que a contadora queria estar na presença da loira naquele momento, embora não fosse admitir logo de cara. A morena queria conversar com Marcela, sobre qualquer coisa, e talvez ir comer alguma coisa juntas, sei lá, ela queria apenas passar um tempo com a loira. Não sabia exatamente por que, mas quando viu já estava desviando seu trajeto e parando em frente a clínica.

— Nesse caso, oi. — A loira fala sorrindo.

— Você está trabalhando? — A morena pergunta dando uma olhadela dentro da sala e vendo um amontoado de papéis sobre a mesa da loira. — Desculpa, não queria te atrapalhar, de qualquer modo eu já vou indo e...

— Não! — A psicóloga interrompe a contadora, também mentindo. — Eu só estava terminando de juntar uns documentos. — A loira fala fazendo pouco caso e retirando o jaleco, logo o colocando pendurado sobre o braço direito. — Você não atrapalha.

Gizelly abre um sorriso sincero. A contadora se sente aliviada por conseguir ter a atenção de Marcela, mesmo que não demonstre isso tão claramente.

— O que você vai fazer depois que sair daqui? — A morena pergunta, fingindo estar pouco interessada na resposta.

— Eu planejava ir pra casa mesmo. — A loira fala e ri. — Mas se você estiver afim a gente pode ir em algum lugar jantar.

— Por mim pode ser.

— Então me espera aqui um pouquinho que eu só vou guardar aquela bagunça.

— Tá bom! — A morena responde, afirmando também com a cabeça.

A contadora vira de costas e vai até uma das poltronas da sala de espera, se sentando ali e pegando o celular para ver qualquer coisa enquanto a psicóloga terminava de resolver o que quer que tivesse pendente no consultório. A loira então corre para organizar tudo que tinha em cima de sua mesa o mais rápido possível, logo também fazendo questão de soltar seu cabelo e dar uma desamassada em sua roupa. Por mais que fosse mais velha, às vezes a loira se sentia uma moleca perto da contadora por conta de suas roupas. A morena estava sempre muito elegante, vestindo seus vestidos formais e saltos alto, enquanto a psicóloga não largava de seus tênis, calças jeans e camisetas. A sorte de Marcela era que ela passava tanto tempo admirando a morena que mal tinha tempo de se sentir inferior ou qualquer coisa do tipo.

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