que parque?

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Oi gente! Tudo certo?

Então, pro capítulo de hoje eu montei uma pequena playlist de músicas e caso vocês queiram ouvi-las conforme elas vão aparecendo eu deixei o link da playlist anexado lá no fixado do meu twitter (@afraidkob). Se quiserem ouvir sem ter que ir até lá, também podem pesquisar "cores - my favorite sin" no Youtube ou no Spotify que eu acho que vocês conseguem achar a playlist também.

É só isso mesmo, boa leitura!

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Era um dia ensolarado na capital, daqueles que você só vê uma vez na vida e outra em animações infantis. O céu azul, tão azul que poderia facilmente se fundir com o mar na linha do horizonte do litoral paulista, tinha algumas poucas nuvens o manchando. Nada muito exagerado, as nuvens estavam em um número apenas suficiente para amenizar o calor vindo do Sol. Por vezes era possível ver um avião, um pontinho branco, cortando a imensidão celeste. Os pássaros ficavam restritos às áreas verdes da cidade, como se respeitassem a beleza do céu e quisessem o deixar totalmente visível. Era um dia muito agradável, de fato, tão agradável que parecia ser mentira.

Gizelly, habituada com achar a capital um lugar nada aconchegante, se vê admirando a cidade e seu calor naquele dia excepcional. O céu limpo lhe recorda de sua cidade natal, a fazendo ficar nostálgica e reflexiva. Como estariam as coisas em Borá numa hora daquelas? Estaria o céu tão bonito quanto o que se fazia presente acima de sua cabeça? O que estaria fazendo sua mãe? Seus antigos vizinhos? Como estaria a vida que ela deixou pra trás, agora pela segunda vez?

Agora parecia tudo tão distante de si, e não somente pela distância física. O tempo afastava cada vez mais a contadora de sua antiga cidade, de sua antiga vida, a deixando tão distante de quem um dia já foi que até mesmo pensar em voltar a morar na pequena cidade parecia algo longínquo. Em São Paulo a morena tinha um emprego, amigos e uma pessoa que a fazia sentir muito bem. Borá também tinha seus pontos positivos, como a presença de sua família e o sentimento de casa, mas a capital tinha algo que sua cidade natal nunca poderia lhe oferecer, e isso era sua liberdade. Em todos os sentidos.

Borá podia ser capaz de fazer Gizelly se conectar com suas raízes, porém era em São Paulo que ela era capaz de se deixar florescer.

Era assim que Gizelly de sentia agora, florida. Não só por conta de seu relacionamento com Marcela, mas por ter sido capaz de se reencontrar após tanto tempo perdida. Após anos fugindo de si mesma, de sua verdade, a morena finalmente havia entendido que aquela dor de que sempre tentou fugir, na verdade, era parte do que a fazia tão ela. Gizelly Bicalho só era capaz de ser Gizelly Bicalho por ter passado pelo que passou, por ser quem ela era com todos seus defeitos e qualidades, todas suas feridas e alegrias, todas suas cores e sabores. Não dava pra fugir do que machucava, porque isso seria fugir de si mesma. 

A beleza da vida está em vive-la. Se fechar para a vida significa deixá-la passar, se fechar pras oportunidades é deixar de viver, e deixar de viver é pior do que a morte em si.

Perder seu pai foi difícil, porém havia lhe feito uma pessoa muito forte. Mais forte do que ela imaginava poder ser, e foi assumindo isso que a contadora se permitiu ser frágil. A morena havia aprendido que ser forte não significava ser dura. Sua força não precisa ser rígida, apenas lhe fazer resiliente.

Em São Paulo a contadora podia ser uma mulher forte, independente, de opinião firme, e mesmo assim se fazer vulnerável quando necessário. Em Borá ela seria taxada de rebelde sem causa por fazer as mesmas coisas. Em São Paulo ela podia ser extrovertida na mesa proporção em que podia ser introspectiva quando quisesse. Em Borá ela teria de manter as aparências, manter a constância, ou então não seria uma boa moça. Em São Paulo ela podia ser intensa, deixar seus sentimentos a mostra, porque sabia que não seria julgada. Em Borá, por outro lado, muitos de seus sentimentos seriam considerados errados. Em São Paulo ela se sentia livre pra fazer todas essas coisas porque sabia que tinha alguém que gostava dela independentemente de como ela se vestia, falava ou agia. Alguém que a enxergava além das aparências. E embora essa pessoa não fosse a única coisa que lhe fizesse livre, foi ela que havia lhe proporcionado a liberdade.

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