— É muito bom poder ficar com você de novo, bê. — Fala Marcela fazendo um cafuné nos cabelos castanhos.
As duas estavam deitadas na cama de casal da loira assistindo televisão. Após assistirem o filme na sala, elas decidiram assistir um canal de culinária qualquer no quarto, onde tinha ar condicionado e elas poderiam liga-lo e se aconchegar sob o edredom. A morena estava com a cabeça apoiada no peito da namorada, com a mão sobre sua barriga e seus dedos desenhando por cima de sua camiseta.
— É. — Responde a contadora simples.
A psicóloga havia percebido que ela estava com a cabeça longe nas últimas horas, mas preferiu não comentar nada a respeito. Estava gostando de ficar aquele tempo junto da mulher que amava e não queria iniciar um possível confronto.
A verdade é que Gizelly estava nervosa.
— Se quiser eu posso mudar de canal... Ou colocar num streaming. — Fala a loira pegando o controle da televisão. — É só pedir.
— Tá bom assim, amor. — Responde a morena sorrindo.
— Não parece... — Comenta a psicóloga baixinho, suspirando em seguida.
Era frustrante para a psicóloga ter passado um dia tão bom com a namorada e ele terminar nesse clima estranho, ainda mais sem motivo aparente.
A menor percebe que a loira estava sentindo-se incomodada por seu comportamento e decide agir logo. Era agora ou nunca.
— Na verdade, quero que mude sim. Você pode desligar?
— A televisão? — Pergunta Marcela confusa.
— É. — Responde a morena sentando-se. — E também preciso que você se levante.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunta a loira preocupada.
— Não, tá tudo bem. — Diz a contadora sorrindo para tranquiliza-la. — Eu só preciso que você faça o que eu pedi.
Mesmo receosa, a psicóloga desliga a televisão e se levanta, ajudando a morena a fazer o mesmo. As duas ficam paradas em pé ao lado da cama, de frente uma pra outra.
— Ok, e agora? — Pergunta a loira rindo de nervoso.
— Pode diminuir o ar? Tô com frio. — Fala a morena acariciando os próprios braços.
— Claro.
Marcela rapidamente pega o controle do ar e o diminui, deixando a temperatura mais amena.
— Obrigada.
— Então... — A psicóloga diz dando a deixa pra namorada se expressar.
— Sabe, no começo eu realmente não entendia o propósito das músicas. — A contadora começa a falar e a loira enruga as sobrancelhas, sem entender de onde aquele pensamento tinha vindo ou o porquê daquela fala. A morena começa andar pelo quarto, querendo de alguma forma fugir do contato mais direto e, consequentemente, do próprio nervosismo. — Digo, eu sempre gostei, mas eu não compreendia a sua motivação. Sua real motivação. Com tantas opções, por que músicas?
— Porque eu gosto de música, ué.
— Não é só por isso. — A morena fala e se vira pra namorada sorrindo. — Quando a gente se conheceu eu era muito cabeça dura, e talvez "muito" ainda seja eufemismo. — A loira ri. — Eu só te ouvia quando você falava coisas baseadas na minha religião, e mesmo nesses casos eu só realmente te escutava quando as conclusões pareciam favoráveis ao que eu já acreditava. Eu não estava disposta a mudar. Então, você mudou seu método e começou a usar outras coisas que eu reconhecia, outras linguagens, como as cores, e você viu que surtiu efeito.
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my favorite sin
أدب الهواةHá muitas concepções do que se é certo e do que se é errado. Pra certas religiões, o pecado representa as ações que podemos vir a cometer e que não são corretas, não são decentes ou adequadas. Para Gizelly, seu maior pecado era gostar de mulheres. A...