espaço seguro

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Marcela estava, pela segunda vez, terminando de preeencher uma ficha de paciente quando a contadora chegou em seu consultório. A loira não gostava de deixar trabalho acumular, porém tinha vezes que ela não conseguia dar conta de deixar tudo em dia. Não era muita coisa, não do tipo que a faria levar trabalho pra casa, mas não deixava de ser incomodo pra ela. A loira não gostava de estar fazendo algo paralelo quando algum paciente seu entrava pela porta, ela sentia que estava o deixando de lado.

— Boa tarde, Gi!

— Boa tarde. — A morena fala tímida. A psicóloga estranha sua postura retraída, porém não comenta nada.

— Como foi no trabalho?

— Tranquilo. — A contadora fala se sentando. — E você?

— Tranquilo também, só esses relatórios que andam me dando uma dor de cabeça a mais. — A loira fala sorrindo enquanto terminava de assinar a folha que estava sobre a mesa.

— Não precisa correr não. — Gi fala simpática, olhando pra qualquer canto da sala que não fosse a psicóloga.

— Já terminei.

Marcela pega a folha em que escrevia e coloca numa ficha que estava do lado direito da mesa, logo se levantando e indo guardar o fichário no armário no fundo da sala. Agora sua atenção estaria totalmente focada na contadora.

— Como foi essa semana? — A médica pergunta se sentando novamente.

— Tranquila. — A morena fala sucinta. Gizelly estava encolhida em sua cadeira, quase desconfortável.

— Você tá bem? Mesmo?

— Tô sim. Só tô com muita coisa na minha cabeça.

— Sabe que eu tô aqui pra te escutar, não sabe?

— Sim, sim, é só que...

— Você pode falar qualquer coisa pra mim. — A loira a interrompe com um sorriso no rosto. — Aqui é um espaço seguro.

— Ok. — A morena fala e respira fundo, soltando uma grande lufada de ar ao expirar. — É que eu tive um sonho que me deixou intrigada essa noite.

— Um sonho? — Marcela pergunta colocando o braço sobre a mesa e apoiando o queixo no punho fechado.

— Sim. — A morena continua, claramente incomodada. — Com uma pessoa.

— Que pessoa?

— Isso não é importante! — A morena fala, quase soando desesperada.

— Ok... Então, o que tinha no sonho?

— Era um sonho... Como posso dizer isso? Um sonho íntimo.

— Ah, entendi. — A loira diz com um sorriso de canto.

— Não é engraçado, ok?

— Nunca disse que é.

— Não precisa dizer, sua cara fala. — Gizelly diz irritada. A postura da morena recordava o jeito que ela se portava nas primeiras consultas, ela estava se sentindo ameaçada. Pelo menos essa foi a leitura da psicóloga.

— Tá bom, e o que teve demais nesse "sonho íntimo"?

— Eu sonhei com uma mulher. — A contadora fala tão baixo que a loira não é capaz nem de ouvir.

— O que?

— Era uma mulher. — A morena fala mais baixo. — Comigo, no sonho. Era uma mulher.

— Hum... Entendi a confusão. Você já tinha sonhado com uma mulher antes? Num sonho íntimo, digo.

— Nunca!

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