curada

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Inspirada no halloween, eu decidi fazer uma travessura e trazer um capítulo novinho pra vocês fora de data. Espero que gostem, boa leitura!


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A contadora estaciona seu carro em frente a clínica e, pela primeira vez, estava mais do que contente de estar ali. Era notável o quão feliz a morena estava. Um sorriso largo estampava seu rosto e até mesmo sua pele estava mais bonita naquela manhã de quarta feira. Sabem como a felicidade age sobre uma pessoa, ela fica radiante. É algo bonito de se ver.

Um dos motivos para a alegria da morena era que sua carteira havia sido, finalmente, assinada. Seu chefe havia tomado vergonha na cara e lhe garantido o que era seu direito, além de ter diminuído a pressão sobre ela. Estar segura de sua fonte de renda era essencial para ela, ainda mais por não saber por quanto tempo teria de morar na capital. Gizelly até se sentia mais leve.

O outro motivo era que ela estava curada. – Bom, pelo menos era isso que ela acreditava.

Após muito pensar sobre as mulheres que lhe atraiam, em especial Marcela, ela havia chegado a conclusão de que nunca foi atração. Sempre havia sido admiração. Quero dizer, foi isso que ela se fez acreditar.

Você não está atraída pela Marcela, você quer ser como a Marcela.

A contadora chegou a essa conclusão após horas e mais horas refletindo sobre o que lhe atraia. Era isso. Não era atração, era inveja. A morena queria ser bem resolvida, confiante, aberta, inteligente e bonita, assim como a loira. Não queria?

Naquele dia ela mal reparou na ligeira mudança de organização da mesa da secretaria ou em como Marcela havia retornado os livros para a sua própria mesa. Também não reparou em como os cabelos da loira estavam soltos, com ondas que desciam por seus ombros e quase entravam no bolso superior do jaleco. Nada daquilo lhe chamava atenção, já que ela não estava procurando por distrações. Não precisava mais fugir de sua própria cabeça.

— Bom dia, Gizelly. — Fala a psicóloga com um sorriso, achando graça do jeito radiante da contadora.

— Mais que bom dia!

— Nem vou te perguntar como você está, porque qualquer um poderia notar sua alegria a quilômetros de distância. — Gizelly ri do comentário. — Posso perguntar o motivo?

— Bom, tem dois.

— Melhor ainda! — A psicóloga fala prendendo o cabelo num coque. Aquela era a primeira vez que a loira tinha os cabelos soltos, e se Gizelly não tivesse se convencido de que era admiração, ela estaria até sem ar com a visão da mulher tão despojada. Na realidade ela estava, mas não admitiria, afinal, ela tinha uma teoria a provar. — Me conte.

— Consegui assinar minha carteira.

— Que ótimo! — A loira abre um sorriso. Marcela também não usava óculos naquele dia já que não anotaria nada, mas Gizelly também não reparou naquilo. Quer dizer, ela reparou, mas se convenceu de que era admiração e não atração.

— E eu me curei. — O sorriso no rosto da doutora morre, dando lugar a uma sobrancelha levantada.

— Se curou? — A loira pergunta temendo a resposta.

— Sim! — Os olhos da morena chegam a brilhar. — Não sou lésbica.

Dessa vez as duas sobrancelhas da psicóloga se erguem.

— Não?

— Não, tudo não passou de um grande mal entendido.

— Mal entendido?

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