grandinha o bastante

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A - não tão - aguardada quarta feira havia chegado. 

Gizelly havia considerado faltar em sua consulta, digo, realmente considerado, porém desistiu da ideia. A morena sabia que uma hora ou outra ela teria de parar de fugir da psicóloga, e além do mais as consultas estavam sendo pagas por sua mãe, ela não poderia simplesmente jogar o dinheiro fora. Ela tinha de ir, querendo ou não. Então a contadora juntou toda a coragem que tinha e saiu de seu trabalho, dirigindo até a clínica e estacionando seu carro em frente a porta. A morena estava tão nervosa que mal respirava, porém não deixaria aquilo transparecer. Ela era uma mulher adulta, não poderia parecer uma adolescente.

Marcela também não estava nada ansiosa pra encontrar sua paciente, ainda mais depois do vexame de ter dado PT em sua frente. Contudo, atender Gizelly era seu trabalho, ela não poderia fugir dele.

E assim, a contragosto, as duas mulheres se encontraram novamente após a desastrosa noite de sábado.

A morena entra no consultório e se dirige diretamente até sua cadeira habitual. Marcela estava com a cabeça baixa, analisando alguns documentos com tanta força de vontade que a contadora até chegou a acreditar que ela estava fazendo algo importante. Na realidade, a loira só não tinha coragem de olhar em seus olhos. A psicóloga nem mesmo estava usando seus óculos, porém a morena decidiu apenas fazer vista grossa e ignorar esse detalhe. No final das contas, ela queria comprar a farsa da loira, ainda mais se isso significasse uma falta de contato visual.

— Oi, Marcela. — A contadora fala limpando a garganta.

— Srta. Bicalho. — A loira a cumprimenta nervosa, sem pensar, e logo se arrepende de ter usado aquele termo.

Gizelly se remexe na cadeira, claramente incomodada com o tratamento. Ela estava com vergonha de estar ali, mas odiava ser tratada como se a médica nem ao menos a conhecesse.

Quase morre de tesão por mim no sábado e agora vem me chamar pelo sobrenome.

A morena pensa amarga e então respira fundo, tentando focar no presente e esquecer o que aconteceu na balada.

— Está bem, srta. McGowan? — A contadora pergunta sarcástica.

— Estou sim, e você Gi? — A loira fala sem ainda tirar os olhos dos papéis.

A morena tem de segurar uma risada irônica ao ouvir tais palavras.

Viu que fez merda e agora me chama de Gi como se nada tivesse acontecido...

— Estou bem sim.

Porra com tanta mulher por aí, por que fui me interessar por logo essa?

Pensa a contadora suspirando alto. Marcela nota o gesto, porém ignora. A loira estava encarando os textos, porém sabia que não podia usa-los como escudo para sempre. Tomando coragem, a psicóloga junta os papéis e os guarda na primeira gaveta, logo levantando seu olhar.

— Como foi o fim de sem... — A loira pergunta por hábito mas deixa a frase morrer no meio ao ver Gizelly engolir em seco. — Como foi no trabalho?

— Nada fora do normal.

— Que bom. — A loira diz e coloca ambas as mãos sobre a mesa, entrelaçadas. — Alguma novidade? Fez algo diferente do habitual?

— Bom, eu fui numa balada sábado. — A morena fala querendo se esconder embaixo da mesa. - Foi uma experiência e tanto. — A morena ri de nervoso.

— Você quer... Falar sobre isso?

— Eu preciso?

— Não. — A loira fala brincando com os próprios anéis. — Mas pode. Se quiser.

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