minha besta

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O Sol já despontava a leste, porém nenhuma das duas mulheres estava um pingo afim de sair da cama naquela manhã. A loira tinha a contadora envolvida em seus braços, com o rosto apoiado em seu colo e os cabelos espalhados por seu travesseiro. A morena, por sua vez, estava mais que confortável no calor do abraço da namorada. Não estavam 100% acordadas, mas também não dormiam. Estavam naquele limbo entre deixar o sono e despertar.

A noite havia sido mais do que tranquila. Os ruídos vindo da rua não chegavam nem perto de perturbar a paz que se instalara dentro do quarto de Marcela, e a psicóloga que há muito tempo não sabia o que era ter uma verdadeira boa noite de sono se viu dormindo sem pausas ou qualquer inconveniente. 

Infelizmente, como nada é pra sempre, o celular da contadora toca. O som estridente do aparelho desperta a loira, que se estica para pega-lo antes que a ligação caia.

— Amor... — A loira diz com a voz de sono, espremendo os olhos para tentar ler o contato que estava em destaque na tela. — Tão ligando pra você.

— Deixa ligar. — Responde ela com a voz abafada, se aconchegando mais no corpo da psicóloga e escondendo a cabeça na curva de seu pescoço.

— É sua mãe... Eu acho. — Continua a loira, esforçando-se pra processar o que via.

A morena resmunga, saindo de seu pequeno esconderijo e pegando o telefone. Ela olha a tela acesa em sua frente e respira fundo antes de atender à ligação.

— Alô? — Disse a contadora sem muita animação.

— Vou fazer café. — Sussurrou a psicóloga, recebendo um aceno positivo da namorada como resposta. Marcela dá um selinho na mulher e sai do quarto, a dando privacidade e aproveitando pra fazer algo produtivo naquele meio tempo.

Gizelly fica sozinha, com o telefone colado à orelha e o medo de saber qual era o motivo de tal ligação. Sua mãe não era de ligar, muito menos naquele horário.

— O que foi, mãe? — Pergunta ela ainda sonolenta, se concentrando em prestar bastante atenção na resposta que obteria.

— Isso é jeito de falar, menina? — Pergunta Márcia brincalhona. — Você acabou de acordar?

— Sim.

— Ah, então tá explicado. Você nunca foi uma pessoa muito matutina. — A mãe completa e dá uma risadinha, fazendo a morena revirar os olhos.

— Aconteceu alguma coisa? Me deixou preocupada de ligar assim.

— Não filha, pode ficar tranquila. — Márcia responde e a contadora relaxa um pouco. — Quer dizer, vai acontecer, mas é coisa boa.

— O que? — Pergunta ela mais que curiosa com o suspense da mãe. 

— Eu e o André decidimos nos casar. — Fala ela na lata, fazendo com que Gizelly arregale os olhos.

— C-casar?! — Pergunta a morena querendo confirmar que não havia ouvido errado.

— É.

— Vocês não estavam começando a namorar agora?

— Não se pode medir amor pelo tempo, filha. — Responde Márcia.

— Você mal conhece esse homem, mãe!

— A gente se conhece há muito tempo, filha. E além do mais, ele é homem de família, da igreja, é boa gente. — Continua a mulher. — E de qualquer forma já está decidido. Temos até data.

— Quando será? — Questiona a contadora, aceitando que não havia nada que pudesse ser feito a respeito.

— Mês que vem.  — Os olhos de Gizelly se arregalam mais uma vez ao ouvir que sua mãe se casaria em menos de trinta dias. — A cerimônia será aqui em Borá, logo depois de irmos ao cartório.

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