Gizelly nunca havia dormido acompanhada antes, então não fazia a mínima ideia de como acordaria no dia seguinte. A morena até poderia estar preocupada em acordar com o cabelo bagunçado ou a regata fora de lugar, mas a possibilidade de incomodar a psicóloga lhe assustava mais. Será que ela se mexeria demais durante a noite? Será que Marcela se mexeria demais? Será que ela roncava? Ou que a loira roncava? Será que seria uma boa noite de sono? Será que ela acordaria no chão por causa da movimentação da namorada, ou vice-versa? Será que acordaria com a coberta ainda sobre ambas, ou uma das duas roubaria o cobertor só pra si?
Quando o despertador tocou pela manhã a morena não poderia ter ficado mais triste de saber a resposta pra todos esses questionamentos. Não porque foi uma noite desconfortável ou algo assim, mas porque o soar do alarme significava que ela não poderia ficar mais ali.
As duas mulheres estavam numa posição de conchinha, de modo que a psicóloga envolvia o corpo da morena com os dois braços e tinha seu rosto apoiado no ombro da menor. Era como se, mesmo inconscientemente, a loira não quisesse deixar a namorada ir embora. Um sorriso desponta nos lábios da contadora ao sentir o coração de Marcela bater tranquilo rente às suas costas. A respiração psicóloga era tranquila, assim como seu semblante, e nem mesmo o despertador foi capaz de acorda-la após uma noite tão boa de sono.
Cautelosamente, a morena desliga o alarme sem sair dos braços da loira. Ela queria aproveitar o calor do aperto da loira, mesmo que só mais um pouquinho. A contadora diminui o brilho de sua tela, pra não acordar a mulher atrás de si, e começa a mexer em seu celular. A primeira mensagem que aparece é de sua mãe.
Mãe <3: Oi filha!
Mãe <3: Já estou saindo de Borá. Te vejo daqui algumas horas na rodoviária!
Um outro sorriso surge nos lábios da contadora. Sua mãe estava a caminho. Mas esse sorriso morre assim que ela ouve a loira resmungar atrás de si. Marcela não havia acordado ainda, provavelmente estava reagindo a algum sonho, mas para a morena parecia que ela reclamava de toda a situação. A contadora então coloca o celular de lado e rotaciona seu corpo, ficando de frente pra loira, do mesmo jeito em que elas haviam dormido na noite passada.
— Eu também não gosto dessa situação, amor. — A contadora diz sussurrando, temendo acordar a namorada. A morena faz um carinho no rosto da psicóloga, de modo sutil, apenas acariciando a pele macia com as costas de sua mão. — Mas vai passar.
Gizelly então se levanta da cama, indo pegar a roupa que usava no dia anterior para poder se trocar e ir buscar sua mãe na rodoviária.
Já vestida e de cabelos penteados, a morena vai até a cozinha procurar por algo para forrar o estômago. Ela já estava familiarizada com a casa da loira, então não seria uma tarefa muito difícil. Para sua sorte, a contadora encontra um pouco de café remanescente do dia anterior e uns pães franceses dentro de uma cestinha ao lado da garrafa térmica. A paulista se serve um pouco de café, mesmo que frio, e passa manteiga em um pãozinho para poder comer. Ela até pensa em colocar as duas coisas no microondas, mas a última coisa que a morena queria era acordar a namorada. Conformada com o que tinha disponível, a contadora toma seu café da manhã improvisado.
Enquanto comia o pão meio murcho e bebia da bebida amarga a morena para pra pensar em o quão miserável ela poderia estar se sentindo naquele momento. Tomando um café pobre pra não acordar a dona da casa e se preparando pra ir buscar a mãe na rodoviária, mãe que a impossibilitaria de ver a sua amada por tempo indefinido. A manhã tinha tudo pra ser incomoda, mas a morena não se sentia mal. Nem perto disso. Óbvio que ela estava triste por se separar de Marcela, mas estava prestes a rever sua companheira de longa data e tinha aproveitado uma última noite ao lado de sua paixão. Não era o fim do mundo, e foi constatar isso antes de dormir que havia feito a mulher se sentir melhor.
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my favorite sin
FanfictionHá muitas concepções do que se é certo e do que se é errado. Pra certas religiões, o pecado representa as ações que podemos vir a cometer e que não são corretas, não são decentes ou adequadas. Para Gizelly, seu maior pecado era gostar de mulheres. A...