é pedido de casamento

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Uma, duas, três braçadas e na quarta um respiro. Um, dois, três, respirar. Um, dois, três, quatro. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito. E se iam quatro, oito, dezesseis, trinta e duas braçadas consecutivas. E quando o cansaço tornava-se incontornável, a morena parava junto a borda da piscina e respirava enchendo os pulmões. Inspira, expira. E então voltava, um, dois, três, quatro.

Ao terminar o teste de 500 metros a contadora encosta na parede da piscina, movimento que leva seu treinador a parar o cronômetro.

— Muito bem, Gi. — Fala o homem sorrindo. O boné tampava seus olhos, mas a contadora tinha certeza de que ele sorria com eles também. — Bateu seu recorde!

A contadora sorri. Estava exausta, mas a satisfação de saber que progredia no que mais amava fazer compensava.

— Já posso competir? — Pergunta ela cheia de expectativa.

— Bom, o requisito mínimo pra competir pela academia é ter os testes de velocidades acima da média e completar o teste de 500 metros em menos de doze minutos. — Diz o treinador mexendo em sua prancheta. Era nesta que ele anotava os resultados de todos os atletas que treinava. — Na velocidade você já havia atingido a meta.

— Isso. — Afirma ansiosa.

— Seu teste de hoje... — Ele anota o resultado na prancheta, quase matando Gizelly de antecipação. 

— Homi pelo amor de Deus!

— Você completou em onze minutos e quarenta e oito segundos. — Ele diz orgulhoso e a contadora tem que reprimir um grito de alegria. — Você vai competir representando a gente daqui duas semanas.

A boraense agradece seu treinador e nada mais uma volta em comemoração.

Já faziam dois anos desde o falecimento de sua mãe.

Os primeiros meses foram, sem dúvida, os mais difíceis. Sua sorte foi estar rodeada de pessoas que a amavam: Marcela, Júlia, Enzo, Luiza, Bella e até mesmo Ivy, pessoa de quem ela se aproximou ainda mais após o ocorrido. Eventualmente o fim do luto chegou, mas a saudade ainda era sua mais fiel companheira. Sempre seria.

Naquele meio tempo ela e Marcela decidiram assumir seu namoro para os mais próximos, eventualmente se apresentando abertamente como namoradas onde quer que estivessem. Júlia era uma das pessoas que mais apoiava as duas. A contadora não sabia ao certo a opinião de seu padrasto sobre seu namoro, mas também não fazia questão de saber.

Aquele também era seu primeiro ano de volta a natação e seu terceiro ano ao lado de Marcela.

A psicóloga havia dado como presente de namoro a inscrição em uma das academias mais renomadas da região para a morena e desde então Gizelly sente-se mais viva do que nunca.

A morena estava ansiosa para contar a novidade a namorada. 

Gizelly ainda trabalhava como contadora, obviamente, mas a natação havia se tornado um hobbie mais do que gratificante. Treinava três dias por semana, além de frequentar a academia do próprio prédio regularmente. Seus amigos da capital a zoavam falando que ela havia ficado igualzinha a machos hétero top — e com amigos quero dizer Enzo e Luíza —, mas essa era uma provocação que não lhe incomodava. Gostava de estar bem e parecer bem, ainda mais porque isso lhe rendia elogios da namorada.

Havia prometido a si mesma que quando conseguisse entrar para a equipe competitiva da academia faria uma surpresa pra namorada. Após sair da academia a morena foi direto para uma loja de jóias. Depois voltou ao seu apartamento e pediu para que a loira fosse até lá assim que seu expediente acabasse na clínica. Agora era hora de revirar algumas caixas com artigos natalinos e encontrar o que ela queria antes que sua namorada chegasse.

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