Após longas horas de estrada, as árvores vão timidamente abrindo lugar para casas na paisagem. A loira pega a primeira saída da via, seguindo instruções dadas pelo aparelho GPS. Mesmo saindo da via expressa e adentrando o meio urbanizado, a calmaria do campo permanecia presente.
Só quem já andou de carro por muito tempo sabe o alívio que é saber que a viagem está acabando. Marcela, já começando a sentir os efeitos de dirigir horas a fio, se deleita ao ver a singela imagem do Cristo Redentor acima do pequeno letreiro com a palavra "Borá" na entrada da cidade natal da namorada.
Em contrapartida, Gizelly estava longe de sentir-se aliviada. O coração da contadora se acelera ao rever aquelas ruas que não visitava há quase um ano. A vizinhança tão familiar estava mudada, com algumas fachadas recém pintadas e outras mais sujas do que ela se lembrava, mas todas fazendo a morena sentir-se deslocada no tempo.
Elas cruzam o município inteiro, terminando o trajeto na rua da Azaleias. A pequena casa branca onde a morena costumava morar parecia ser a única intocada pelo tempo. A fachada estava bem pintada, o portão sempre muito bem envernizado e a calçada sempre impecável, sem uma folha sequer. A psicóloga estaciona o carro em frente ao portão de madeira, colando as rodas na guia.
- Chegamos. - Fala a loira retirando os cintos e desligando o GPS.
Gizelly tira seu cinto mas permanece paralisada em seu assento. A loira sai do veículo, indo em direção à campainha e a tocando. Nem sinal da ação ter acionado algum som. Sem sucesso, a loira repete a ação.
- A campainha não funciona. - Diz a morena ainda de dentro do veículo. - Nunca funcionou.
- Não achava pertinente ter me falado isso antes?! - Pergunta a psicóloga andando novamente em direção ao carro.
- Tinha esquecido. - Fala a contadora travando o maxilar, visivelmente ansiosa.
- Quer ajuda? - Pergunta Marcela apoiando-se na porta do carro.
- Acho que consigo sair do carro sozinha.
- Tá bom. - Diz a loira se afastando e pondo as mãos pro ar. - Só lembra que sou sua carona pra casa da próxima vez que for ser grossa comigo.
- Desculpa. - Fala a morena fechando os olhos e respirando fundo. - É o nervoso falando.
A psicóloga dá a volta no carro e abre a porta, estendendo a mão pra namorada.
- Só vê se não me morde. - Diz a loira sorrindo.
Bicalho segura sua mão e sai do carro, fechando a porta do veículo atrás de si.
- Obrigada. - Diz a contadora.
As duas caminham juntas até o portão.
- Se não tem campainha, como faz pra chamar?
- Meu Deus, você nunca saiu de São Paulo mesmo não é? - Pergunta a morena rindo. - A gente costuma bater palma, porém, como já conheço meus vizinhos, sei que daqui a pouco minha mãe aparece.
- Como assim? - Pergunta a psicóloga confusa.
- Antes da invenção da campainha já existia a fofoca, e aqui em Borá essa é a tecnologia mais avançada que existe.
Dito isso, passos de chinelo podem ser ouvidos dentro da garagem. A loira fica surpresa e a contadora ri de sua cara. Entretanto, numa quebra de expectativa de ambas, é um adolescente que abre o portão.
- Oi! - Fala Gizelly levemente confusa.
- Oi! Sou o Jeferson, filho do André. - Ele fala e sorri, levantando levemente o óculos com a ação. - É a Gizelly! - Grita o menino para dentro de casa.
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my favorite sin
FanfictionHá muitas concepções do que se é certo e do que se é errado. Pra certas religiões, o pecado representa as ações que podemos vir a cometer e que não são corretas, não são decentes ou adequadas. Para Gizelly, seu maior pecado era gostar de mulheres. A...