Eu estava numa pequena saleta, repleta de luzes coloridas em tons de roxo. A iluminação estava extremamente baixa, de modo que eu era incapaz de enxergar qualquer coisa que estivesse dois palmos a minha frente. As luzes eram fracas, deixando o ar um tanto quanto sombrio. Eu sentia já conhecer aquele lugar, mas não me recordava de onde. O ar era abafado, quase sufocante, e mesmo que eu não pudesse ver nada eu sabia que havia alguém ali comigo. Eu era capaz de sentir a presença da pessoa, uma presença intimidadora, que fez eu me sentir como uma presa perdida em meio a floresta, apenas aguardando até levar o bote de seu predador. E mesmo com todos esses fatores agindo em conjunto, eu não estava com medo.
Sinto a pessoa se aproximar de mim, e conforme seu corpo se aproxima do meu minha visão se limita cada vez mais, de modo que quando sou capaz de sentir sua respiração em minha nuca a única coisa que vejo é o completo breu, que de alguma forma tinha um fundo da tonalidade das luzes presentes ali. O ar batia quente em meu pescoço, me deixando ansiosa, na expectativa. Eu estava cega, num lugar praticamente desconhecido com uma pessoa que eu não fazia a ideia de quem era, porém não queria sair. Uma parte de meu cérebro dizia "Gizelly, corre", porém eu não tinha a mínima intenção de obedece-la. Pelo contrário, tudo que eu queria era ficar.
Então sinto sua mão passar por cima de meu ombro, de modo que a pessoa arrasta um de seus dedos sobre minha clavícula, fazendo o caminho de volta e o levando até minhas costas. Então a pessoa dá a volta em mim, parando em minha frente. Seu corpo estava perto, porém eu não conseguia ver nada, nem mesmo uma silhueta. A pessoa então passa uma das mãos sobre meu rosto, o acariciando, com a maior leveza do mundo. Aquela com certeza era uma mão feminina.
A mão vaga de minha maça do rosto até minha bochecha, passando por meu queixo e finaliza passando o polegar pelo meu lábio inferior. Eu não era capaz de enxergar, porém tinha certeza de que a pessoa estava me analisando minuciosamente, tanto por meio do tato quanto da própria visão. Eu podia sentir seu olhar pesar sobre mim.
Com extrema delicadeza, a pessoa posiciona ambas as mãos sobre as laterais de meu rosto, o segurando enquanto fazia um leve carinho em minha bochecha. Fecho meus olhos ao sentir a pessoa se aproximar de mim, apenas me permitindo aproveitar aquele momento tão terno. A respiração agora batia em meu rosto, quente, me fazendo suspirar. Nossos narizes se encostam e o contato me faz abrir os olhos. Retomo parte de minha visão e devido a nossa proximidade, sou capaz de enxergar alguns traços da mulher a minha frente. Não sou capaz de descrever a maioria deles, porém o que mais me chama a atenção são as grandes orbes castanhas que me fitavam com ternura. Me sinto hipnotizada pelos olhos a minha frente.
— Eu disse que cuidaria de você. — A mulher diz, com uma voz extremamente familiar.
Fecho meus olhos novamente ao receber um beijinho de esquimó da loira a minha frente. Eu a conhecia de algum lugar, porém não estava conseguindo ligar os pontos. Era como se o nome dela estivesse na ponta da minha língua, mas eu não conseguisse o pronunciar, como se ele estivesse entalado em minha garganta. Os cabelos, os olhos, a voz, quem seria?
A mulher então vira levemente o rosto, encaixando nossos narizes a fim de me beijar.
— Marcela! — A contadora diz levantando de uma vez em sua cama, assustada.
A morena acorda a partir do exato momento em que ela se toca de quem se tratava em seu sonho. Uma mulher, mais alta que ela, loira, com a voz doce e os olhos castanhos. Só poderia ser ela. Tinha de ser ela. A contadora havia sonhado com sua psicóloga, pela segunda vez.
— Eu devo ter pregado chiclete na cruz. — A mulher fala sem saber como reagir ao que tinha acabado de acontecer.
O sol não nem sequer havia nascido a leste, portanto o quarto se encontrava mais escuro que a saleta do sonho da morena. Gizelly se levanta da cama e vai numa linha reta em direção a cozinha, onde pega um copo de água gelada e o bebe num gole só. Parte de si desejava que aquilo fosse álcool, porém ela sabia que não poderia ficar bêbada em plena madrugada, ainda mais no meio da semana. Mesmo receosa, a morena retorna a sua cama a fim de dormir mais. A última coisa que ela queria era ter outro sonho, porém não poderia acordar a aquela hora.
A contadora se deita e antes mesmo de fechar os olhos, pede a todos os santos para que não sonhasse com a loira de novo.
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Curtíssimo, eu sei!
Mas guenta ai que hoje tem mais (sim, a maratona veio aí). Meu presente de aniversário pro anjo conchinha_gicela, e consequentemente um agradinho pra todo mundo. Espero que gostem! Até mais tarde!
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my favorite sin
FanfictionHá muitas concepções do que se é certo e do que se é errado. Pra certas religiões, o pecado representa as ações que podemos vir a cometer e que não são corretas, não são decentes ou adequadas. Para Gizelly, seu maior pecado era gostar de mulheres. A...