Marcela não foi pra casa naquele dia. Era uma quarta feira, meio da semana, mas ela se deu ao luxo de sair pra beber. Estava sozinha num boteco próximo à seu trabalho, bebendo para tentar esvaziar a cabeça.
Não é uma cena bonita, muito menos uma que qualquer um de seus amigos pensaria em imaginar ela metida, porque aquilo com certeza não era do feitio de Marcela. A loira estava na sua segunda garrafa de cerveja, bebida que ela nem tomava, e os olhos manchados de rimel observavam atentamente a tela do celular enquanto a loira rolava pelo feed do Instagram. Já passava das onze da noite, mas ela não se importava. Em realidade, quanto mais tarde melhor. A verdade é que a psicóloga não queria nem pisar em casa, pois não ir até lá evitaria a decepção de não ver sua, agora, ex-namorada naquele lugar que já foi delas. Ou pior, poderia ver a maquiadora arrumando as coisas pra ir embora.
Marcela estava num estado deplorável, nem sequer parecia ela mesma. O amor pode mudar uma pessoa, de fato, mas somente um coração partido é capaz de fazer alguém se tornar um completo estranho pra si mesmo.
A loira estava rolando a tela incessantemente até que uma notificação do whatsapp interrompe seu modo automático. O coração da médica se quebra um pouco mais ao ver o contato "amor" se fazer visível na tela.
Amor: "Oi Mar. Tudo bem?"
Amor: "Vou dormir na casa da Flay hoje, tá bom?"
Amor: "Se quiser amanhã mesmo vou buscar minhas coisas. Não quero te atrapalhar, nem tomar teu espaço."
Marcela lê aquelas mensagens mas nem chega a processar direito o que estava escrito por conta do nível de álcool que já se encontrava em seu organismo. As únicas palavras que parecem ser compreendidas por seu cérebro são "dormir" e "Flay", e de alguma forma a loira consegue raciocinar que Bianca não passaria a noite em casa. O pensamento a fez dar mais um gole em sua bebida.
Amor: "Me desculpa."
Amor: "Não queria te machucar, então se eu te machuquei me desculpa."
Amor: "Te amo, Mar. Se cuida."
O sinal de online abaixo do contato de Bianca desaparece e Marcela volta a chorar. A ficha estava caindo, e tristeza e álcool claramente não combinam.
Não queria me machucar... Filha da puta!
A loira rapidamente abre a lista de contatos e faz questão de mudar o contato da maquiadora.
Amor... Amor o caralho!
E assim a psicóloga começa a xingar todos os palavrões que conhece, e até mesmo inventa alguns. Ela estava triste, mas acima de tudo, estava brava. E se álcool e tristeza não combinam, álcool e raiva muito menos. A loira estava prestes a começar a mandar um áudio xingando Bianca, porém uma notificação a faz parar.
Número Desconhecido: "Tô sendo muito inconveniente de mandar mensagem essa hora?"
Marcela lê a mensagem do número desconhecido e não entende. Quem era? E por que estava lhe mandando mensagem a tal hora?
Marcela: "Ta sendo inconevniente de mandar mesnagem. Pinto."
Número Desconhecido: "Desculpa, deve ter sido um engano. Você não é a Marcela McGowan, é? De novo desculpa pelo incômodo"
Marcela: "Infekismnete eu sou a Narcela. Por que? Qudm é?"
Número Desconhecido: "É a Gizelly Bicalho"
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my favorite sin
FanfictionHá muitas concepções do que se é certo e do que se é errado. Pra certas religiões, o pecado representa as ações que podemos vir a cometer e que não são corretas, não são decentes ou adequadas. Para Gizelly, seu maior pecado era gostar de mulheres. A...