Ready Aim Fire

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Laura POV

- Eu sou o banqueiro. - Ele respondeu calmamente oferecendo os papeis da pasta.

Nominho familiar, e desconhecido aos primeiros pensamentos desesperados.

Lá estava ela, encarando um bigodudo careca, emoldurado ao fundo pelos dois tenebrosos seguranças. Laura travou para pegar os documentos, os músculos formigando de tão forte segurar nos braços da poltrona.

Todos os mal entendidos do mundo cabiam na extensão daquelas folhas de papel.

Esse careca veio até aqui para fazer o imposto de renda do pai dela?

Sherman já tinha problemas com o contador, imagine esse cara? Pois o pai sempre teve aversão a criaturas rastejantes, coisinhas venenosas e políticos. Banqueiros certamente se enquadravam em criaturas rastejantes.

Leia por educação, mesmo que esteja tudo errado. O que de mal poderia acontecer? Raphael estava à porta. Qualquer coisa desse um berro, e seu amigo a salvaria, e se não, ela mesma metia um chute entre os óculos desses seguranças horrorosos e tacava spray de urso.

Hugo Boss; o cara que faz roupas caras, cliente de seu pai. Tá, essa informação não estava errada. Bela grana, aliás muita, até demais para alguns rolos de tecidos; alguns? Mais de 300 mil rolos cinza chumbo. Essa informação não estava nenhum pouco correta, a loja era pequena, do tipo que jamais teria condições de fornecer tamanha quantidade.

Polônia? Deus do céu! Desde quando listrado virou moda? E porque tanto gasto com aço, e gás de fogão?

Volkswagen, BMW, Ford, Siemens, GE, IG Farben, IBM, Fanta, de onde vinham todos esses nomes, para que seu pai ia se meter com fabricantes de refrigerante de laranja? Será que tentava derrubar a Coca?

O som do copo enchendo e o gelo trincando planou junto da noticia da morte de sua tia por infarto, o careca atestara que a parente distante, deixara tudo para ela, a única herdeira do nome.

Coca? Tia? Bolada? Oi?

- Uma mera formalidade, de que a senhorita foi notificada. Basta dizer algo. - Explicou ele entregando a ela um papel timbrado de trigos dourados nas pontas, mas em branco no conteúdo.

Ela soltou aquele sonoro "Hm" de não entendi, e a folha vibrou, surgindo nela sua assinatura, sem rabiscá-la. Rapidamente ele tomou o papel de volta e meteu-o na pasta.

- Desculpe, é que ele pode fugir quando acorda nas mãos do portador. E é isso, por hora é só senhorita. - Ele tomou a pasta que se sacudia, provavelmente a folha lá dentro. - Saiba que jamais desejei tomar o cargo de seu pai, mas é um cargo vitalicio; então, meus sentimentos a toda família, especialmente a senhorita.

Jamais admitiria o gelo que sentiu com a notificação final, nem mesmo depois de uma sulfite viva. Os olhos pregados ao nada, até o nariz ser tomado de um cheiro adocicado, o que a tirou do transe. O outro grupo retornou a sala, e Laura deu uma nervosa risada para Raphael, riso que morreu ao perceber os dois tenebrosos seguranças ainda à porta.

- Raphael que doido varrido foi esse agora? Não disse coisa com coisa, e por que agora eu to com medo do bloco de anotações ali do telefone? Ah! Deixa pra lá, eu procuro o meu pai tá. - Pediu novamente o mais educada que pode.

- Você ainda; Cristo. - Esbaforiu ele descrente na cadeira frente a ela.

A coronel sentou-se no sofá perto da janela, sem tirar os olhos da loira. Laura percebeu mais um homem na sala, casaco militar, peito adornado de medalhas douradas, e bochechudo. Raphael o chamou para tomar a cadeira vizinha.

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