Welcome to Vienna

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Laura POV

O trem encerrou a longa viagem, por fim no destino final. O vazio corredor fora invadido de dezenas de passageiros, ávidos por abandonar a lata de sardinha. A vampira desaparecera em meio a pressa dos transeuntes, e Laura ficara para trás.

- Espera ai! - Gritou se espremendo entre as pessoas, que a olhavam torto.

Aos trancos, e um pé preso no vão da plataforma e o trem, ela avistou as costas da morena, antes de sumir novamente atrás do casaco de um senhor enorme de tanto comer. Não era como as outras desertas estações. Não. Esta era Viena. Pilastras de ferro se erguiam no centro da plataforma, curvando-se para estruturar o teto, e pousando no centro da outra plataforma. Enormes relógios de ferro negro pendiam entre as placas com os números para cada embarque, tudo para ninguém perder tempo. Arandelas com cheiro de óleo completavam a decoração, ainda era dia, e não estavam brilhando com o devido resplendor.

Laura saiu junto a multidão na estação, pessoas para lá e para cá, apressadas, atarefadas, sem um minuto a perder. Carmilla. Onde estava? Era o que questionava, então sentiu de olhar para a ponta da frente do trem, e lá estava.

- Carm! - Berrou. A vampira não se mexeu um centímetro, como se não tivesse escutado o rugido da leoa. Nada supostamente fora do comum para a ex. - O que você fez enh? Por que você tá com cheiro férreo de sangue? - Agarrou a mão da morena, e em resposta ela fez uma careta feia.

- Meu Deus! - Desesperou-se uma mulher às costas dela. Laura olhou o que a aterrorizava. E viu o baú de Caroline ser jogado no rio perto da estação.

Sem tempo para pensar a loira disparou e saltou para rio. Queda mal calculada? Talvez, uma grande burrice? Completamente. Quem disse a louca que Red Bull dá asas? Ela não sabia da fundura da água, muito menos a altura de onde pulou. Por sorte, as beiradas congeladas, sustentavam um pouco de neve, macia e alta o bastante para não estourar os joelhos dela na queda.

KLEEEK!!!

Fez o fino gelo abaixo de seus pés.

Mal houve tempo de pensar. Os homens a atirar o baú pensavam ter visto uma aparição. Talvez da jovem que acabavam de afogar. Laura demorou alguns segundos para perceber então onde estava.

Estava do outro lado do rio, num beco escuro devido aos prédios tortos - má engenharia - espere um minuto. Segundos atrás estava prestes a afundar em água congelada.

- O baú! Me solta! A Caroline!!! - Urrava. Então fez uma análise um pouco mais detalhada de sua localização, afinal seus pés não alcançavam o chão, e um gostoso e familiar perfume pairava nesse mesmo lugar. Não era o beco a cheirar assim, nem ela com cheiro de camelo. Espere um tantinho, não estava no rio, nem os pés no chão, e esse cheiro, que logo tornou ao metálico.

- CARMILLA ME SOLTAAA!!! - Gritou nos braços dela, se sacodindo feito peixe no chão.

- Quer sossegar um instante? - Disse entediada soltando-a no chão.

- O baú! Tem uma garota lá dentro! - Tentou correr, mas foi impedida. - Me larga! - Ralhou puxando o braço, e assim o fez Carmilla. A jornalista caiu num saudoso lamaçal entre as lixeiras. - Você fez de propósito!!!

- Claro você pediu pra soltar. - Cínica. - Agora pra onde Sherlock? E não esquece o cadeado. - Disse dando as costas, levando as mochilas.

Desgraçada filha da...cadeado? Laura olhou para as mãos, e entre os dedos apertava um embrulho num lenço. Era um cadeado prateado, cheio de fuligem, todo arranhado, com umas crostas duras, falta de limpeza.

- Pera ai! Isso aqui é? - Perguntou para todo o beco, e Carm respondeu.

- É, agora para de brincar na lama e vamos. - Disse aborrecida. O que fez Laura fechar a cara o resto do caminho. Se é para ser ranzinza, então que seja. As botas novamente húmidas relinchavam a cada pisada. Quatro passos atrás vinha a morena com as mãos dentro dos bolsos, um mochilão de uma alça às costas, o cabelo preso encima por duas tranças unidas na nuca, e um casacão marrom. Irritantemente calma, sem uma palavra, somente seguindo-a.

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