Não me procure

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Laura pisava o chão impaciente, presa numa cadeira, obrigada a esperar a boa vontade dos caçadores – desgraçados – para eles apenas a birrenta namorada de Raphael. A recém-chegada secretaria do comandante interino, fuzilava a loira por sobre os óculos. Millie, como ela mesma se apresentou. Cabelo castanho escuro, liso e impecavelmente amarrado em um coque, na mesma disciplina eram as roupas, um tanto errôneas para o frio, mas tudo se fazia a mostrar as belas e longas pernas, a pele lisa e leitosa sumindo na saia no meio da coxa, terninho cinza, pescoço delicado, lábios pintados do frescor de framboesas. Com todo o perdão da palavra, mas que pedaço de secretaria.

- Você conhece o comandante a muito tempo? – Perguntou-lhe. Mas a galega não tinha tempo para uma ceninha de ciúmes, e apenas fingiu não ter escutado. Um caçador de ralo bigode entrou na sala de espera, e foi falar alguma coisa para a secretaria, que prontamente o liberou a entrar.

- Ei! Que palhaçada é essa? Já é o terceiro que chega depois de mim e entra direto! – Reclamou batendo na mesa da modelo espanhola. E antes que recebesse uma resposta, atropelou o caçador na porta e chegou derrubando uma pilha de papel. – Raphael! – Chamou e logo guardou a língua, pois literalmente havia entrado no meio de uma reunião, com Vordenberg.

- Jovens. Entre minha cara. – Disse o mais experiente dos caçadores chamando com uma das mãos. A porta fechou atrás dela, e todos a olhavam. – Sente-se. – Indicou a cadeira vaga. Então sinalizou para darem continuidade a reunião, o mais velho se apossava da cadeira e mesa do delegado. Raphael mantinha-se a direita do barão, e Castus a esquerda. Berto e Gerard em pé ladeando a porta. Uma das cadeiras fora cedida a Laura, a outra era de um dos homens de Castus, assim como a palavra.

- Como dizia aos senhores. – Glauco apontava uma vara num mapa da Europa. – Mais e mais monstros estão aparecendo. A região da Tchéquia esta ficando complicada, pelo menos três mil homens são necessários em Brun e Ostrava.

- Três mil?! – Espantou-se Castus.

- Não está a par das informações de seus próprios homens? – Provocou Raphael.

- Mas como assim de onde estão vindo tantos monstros?! – Mas nem estando de penetra numa reunião ela calou a boca. Laura ralhava indignada, não era possível. – A guerra acabou, não era pra estar tudo bem? O mundo deveria estar em paz, caminhando para a felicidade.

Todos olharam para a entusiasta. O mais velho dos caçadores caiu em uma grande gargalhada, seguido dos outros que riam da loira. E como riram dela, a coitada nada sabia.

- Você arrumou um bebê para desposar, vai precisar de muita paciência com ela. – Ria o barão.

- Millie não vai gostar de saber que ta sendo trocada por uma criança. – Ria Berto tirando com a cara de Raphael.

- Hehe, sem graça, não começa ou te lembro da sua noitada no banheiro com a galera. – Respondeu Raphael fazendo menção ao triste e hilário episodio dos 8 presos no banheiro do Punkt. Berto ficou verde de raiva.

Mas antes de mais frivolidades o barão pediu a Castus uma solução para o problema exposto. O rapaz sentiu-se minúsculo, aquela não era uma pergunta administrativa, era um último prego no caixão levando sua autoridade.

- Não temos de gastar tantos recursos, basta transferir os homens e a rota para a Polônia. Usando Cracóvia, Katovice e Breslavia, como rota direta para a Alemanha. – Respondeu Raphael, mesmo não tendo sido chamado.

- Perspicaz. Isso diminuirá metade dos três mil de antes. E teremos 1.500 homens a mais para guarnecer as montanhas. Uma atitude sensata, e inteligente. Acho que a última coisa a ser feita por hoje é o despache das unidades de Castus para a Breslavia. – Indicou Vordenberg.

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