Eu vou enlouquecer assim

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Treffen começava o ano abaixo de dois metros de neve – que novidade – e mais um metro e meio abaixo das ruas, precisamente num bunker emergencial, estavam duas garotas, ainda adormecidas entre os braços da outra. Laura despertou aquecida do calor que vinha do corpo abaixo.

O que era essa sensação? Ela se perguntou, deitada sobre o peito da vampira. Aquelas batidas contradiziam o obscuro titulo de sanguessuga, opostamente ao nome do gélido anelídeo e, de contra partida a qualquer Stoker, a morena era quente, o coração pulsava terno e, estar com ela... estava apaixonada por esse ser tão estranho as leis da natureza e, fantasia, mesmo as mais sombrias. Fechou os olhos se aconchegando mais, mas queria vê-la dormir. Cuidadosamente apoiou-se nos cotovelos sobre as cobertas e, ergueu o rosto.

Carmilla dormia tranquila, o cabelo bagunçado deu um ar mais leve, menos trevoso, revelando a garota quase comum que era. Dominada de pensamentos travessos, Laura engatinhou com cuidado até alcançar o rosto da vampira, beijou o queixo, seguindo para a bochecha, depois na ponta do nariz, até que nenhuma parte do rosto ficasse sem seu toque, por fim faltavam os lábios, mas a loira foi surpreendida pelo riso preso e, logo em seguida foi puxada para um beijo.

- Isso é muito injusto sabia, beijar uma garota dormindo, sem que ela possa aproveitar esses beijos – A morena ria da loira pega com a boca na botija.

- Trapaceira, você tava acordada todo esse tempo?! – Enrubesceu-se a galega.

- Mas claro, quem não acorda com uma mulher linda te beijando?

- Linda?

- Linda, ninguém nunca te contou isso? Nunca se olhou no espelho, que humana mais estranha você é – Carmilla ria sozinha do humor recém-desenterrado de seu cérebro.

- Claro que já mas...

Quem nunca? Ouvir elogios de pessoas aleatórias, desconhecidas é fácil, massageiam o ego momentaneamente, as criticas recebem a mesma ligeira atenção; já das pessoas que importam, aquelas mais próximas, um simples espirro é inquietante. Foi como ouvir do universo sobre a lindeza de sua cara de sono. A vampira sorriu – que sorriso lindo.

Laura entrelaçou seus lábios, ficaram presas nesse contato mais tempo, as mãos se perdendo pelo corpo da outra. Carmilla trilhou uma linha de beijos para o pescoço, depois voltou aos lábios e, o contato era mais ruidoso nos intervalos, mais enlouquecedor com as línguas se conhecendo, a jornalista cedia a cada investida por baixo as roupa.

A loira sentou sobre a vampira que, a ajudou a tirar a blusa. Infelizmente os machucados ainda cobravam mais energia e carinhos, do que a atividade extracurricular em casal.

- Deita – Carmilla inverteu as posições, não que isso fosse uma deixa para continuarem, pois os ferimentos estampavam o "NÃO MEXA!". Recebendo mais um beijo, Laura acompanhou a saída de sua amada das cobertas. Um sorriso vampiresco a convenceu a esperar pela hora certa.

***

Depois de limparem a sujeira do hexápode – Carmilla limpou e deu um sumiço no cadáver – elas foram em busca da origem do zoológico tamanho família.

- Cupcake cuidado, não devíamos estar aqui, você tem de descansar – Disse Carmilla desanimada.

- Você ia vir de qualquer jeito, por que eu iria ficar lá? – Laura falava saltitando pela estrada com a neve até os joelhos.

- Mas eu não estou com um rasgo nas costas, posso me cuidar sozinha.

- Não me quer com você? – Virou-se fazendo beiço. O chão tremeu, as pedras abaixo da jornalista cederam. Ela nem conseguiu ver, quando se deu conta do piso sumindo, estava nos braços da vampira perto de uma arvore.

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