Colateral - parte 2

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Carm POV

A conversa com Manaus não deu em nada, necas de pitibiriba foi o que encontraram.

Mil infernos, dez mil a tua direita, mas a porcaria da resposta, a droga de uma pista, isso nem com cem mil a esquerda.

O caminhão passava pulando cada um daqueles sulcos e raízes de uma estrada inexistente. O enorme cão chocolate com a língua pendurada para fora da boca, observando as arvores e galhos passando perto da janela, quando não entravam para dar aquele triste oi na ponta do focinho.

- Quer perder o nariz é? - Alertou Carmilla, mas o cão nem deu bola, a esnobando por assim dizer. - Eu to bem, não vou bater o caminhão.

Se já não fosse problema o bastante ter um canibal a solta, uma cidade inteira atrás dela, um vazio de uma cova no peito, e ainda tinha de aturar uma peluda fazendo pirraça? Por um instante tirou os olhos da direção, mas na mesma hora Chlloe latiu para a frente, alguém brotara do nada no meio do caminho. De uma vez Carm virou, meteu o pé no freio, e o capo numa arvore baixinha.

Não ia bater né. Murmurou mentalmente.

No meio do susto ouviu Chlloe latindo do lado de fora, e quando viu o que havia na estrada, saltou chutando o chão furiosa para fora.

- EU DEVIA TER ACELERADO! - Berrou para a ruiva plantada no caminho.

- O Guto sumiu, sabe de alguma coisa? - Perguntou com toda calma que a vampira não tinha no momento.

No possível entre os caninos saltados de raiva, respondeu:

- Não tenho ideia de onde ele pode estar, faz tempo que não o vejo.

O enorme cão chocolate abanava o rabo, pedindo carinho à assustadora lenhadora a mirar o mais absoluto nada, ela passou a ponta dos dedos na cabeçorra, e seguiu seu rumo subindo a montanha.

Carm voltou ao caminhão, e torceu para o motor pegar, e por grande sorte a geringonça funcionou. Deu marcha ré, e Chlloe ficou sentada no meio do caminho.

- Vem logo, ou te deixo ai! - Gritou Carm. E a cadela naquele olhar de julgamento. - Você não é gato pra isso!

Chlloe deu uma bufada zangada com o focinho para a condutora ranzinza. Uma tensa atmosfera se instaurou entre dona e totó, de:

"Eu sei que você tá errada, e vou ficar te julgando no olhar."

- Você andou demais com a Sam. - Resmungou, logo antes de tomar a direção para a ruiva. - Sobe ai! - Gritou para a lenhadora, que a ignorou. - Olha eu não to fazendo isso por você, mas de perder gente por ai, já chega uma. - Rosnou no volante.

Danny subiu na traseira do caminhão, a doguiha foi ao encontro dela, dando um chorinho triste lambendo as queimaduras de frio na bochecha.

Poucas palavras trocadas, apenas sobre o destino do Uber.

Deram a volta na montanha, e quase uma hora depois chegaram a uma pequena casa de madeira escondida, atada a quatro arvores como pilares.

Danny fez uma careta ao puxar o ar, entrou na casa chamando por Guto. Carm logo atrás parada na varanda de madeira clara, com marcas avermelhadas. A lenhadora identificou o corpo de um homem desfigurado abraçado no fogão. Os pulsos algemados, macacão púrpura em trapos, não foi um bom abraço. Carne queimada adornava a ponta do espeto de avivar o fogo.

- Guto! - Chamava Danny, mas ninguém respondia, ela subiu ao andar da cama, cutucou o teto abrindo uma portinha minuscula. - Sou eu Danny, Guto se você tá me ouvindo responde. - Mal cabia ela naquela entrada, mas assim que passou a cabeça, ela voltou, saltou ao térreo, e correu para o lado de fora.

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